sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Orientação

 


Depoimento de uma alma.

Na caridade oferecida ao sofrimento, surge preponderante a condição de elevada postura diante da existência, entretanto para  isso não existem privilégios, a alma necessita do alimento que a movimente em vida, quando não o faz, o estacionar na dor é inevitável. A par deste conhecimento agora, depois de séculos vagando pelos cantos mais sombrios, me apresento para relatar um tanto deste histórico de vida. No aguardo que seja útil a outras consciências.

O primeiro dantesco quadro foi quando pelo suicídio deixei para traz em lagrimas e sofrimentos aqueles que me dedicaram vida, na oportunidade do renascimento para ajuste diretivo, via de regra no orbe terrícola isso é comum a todos, ligados a um corpo renascente da agua e do espirito, retomamos as obras intimas de nossa realidade espiritual, para nos presentes confrontarmos o que esteja em desalinho na intimidade.

Saibam que a existência física, se ainda não concluíram isso, é dadiva divina no correr de nossas existências, onde podemos nos tratar em renovadas escolhas, falimos em muitas como foi do meu histórico, que no seu aspecto mais dolorido me alertam os instrutores, não deve ser detalhadamente exposto, narrados, não se acrescenta discernimento seguro dizem eles, com narrativas dos períodos sombrios em nossas escolhas.

Recebemos um vaso novo e por misericórdia com todas as possibilidades de sairmos dos nosso equívocos, deixamos entretanto de cuidar no entendimento do mais sagrado, nos perdendo entre as ilusões, já que no campo das paixões os prazeres estão em primeiro plano, diante de nossa deficiência discernitiva  agredimos com viciações diversas o vaso sagrado do espirito em sua jornada intransferível.

Anotem vossas tendências sob a luz da razão, e aquelas sombras identificadas para que sejam erradicadas, somente o auto amor como principio pode acrescentar luz de entendimento e elevação ao suplicante pois, sempre se lhe é mostrado quadros fixando o bem nos deveres frente a vida, negligenciar os deveres para com o vaso sagrado, o corpo, é em grande parte considerado suicídio inconsciente.

A lógica consistente nesta afirmativa esta no reconhecimento das possibilidades do espirito frente a sua existência, no auge do meu egoísmo supus erradamente que a morte poria fim nos tomentos quais me havia inserido, não se enganem, viver no corpo é sagrada medicação para a alma, e nos labores frente as dificuldades, sagram-se vitoriosas, aquelas que em processo de auto amor vencem suas tendências suicidas.

Na analise dos erros houve os momentos onde generosos seres de luz me acompanharam, a princípio neste olhar de minha consciência, julgava-me aquém deste amparo desmedido, caridade pura entre aqueles supostos mortos, onde se entende as palavras do verbo quando diz em seus ensinos, “deixem vossos mortos cuidarem dos seus mortos”, morto em vida, presumia-me morto enquanto minha consciência me levava a rever o ato insano, com grau de frequência torturante a meu ver.

Quanto tempo fiquei neste estágio não posso quantificar, nem seria de valia instrutiva a consciências que estejam como eu estive desarvoradas, em desequilíbrio, mas saibam sem que precisem cometer a mesma insanidade que eu, que no campo da criação divina só existe vida, e a vida mesma nos cobra em nós mesmos as escolhas infelizes. Sair do sofrimento portanto é uma questão que envolve a caridosa ação de almas regidas pela mãe amantíssima, a mesma sagrada que envolveu em suas aguas o Cristo que encarnaria, e seu histórico, depois de alcançar algum equilíbrio dada a caridosa atenção com que fui atendido, tem sido precioso bem para fortalecer as resoluções quando ao porvir, que agora em maior equilíbrio, posso avaliar com justa vista.

Em breve ainda no processo de transição qual está a terra, voltarei a renascer e terei por extensão caridosa, as irmãs da mãe amantíssima que junto a essa suicida, ofereceram o amparo amoroso nos meus momentos mais difíceis. Agrada-me a ideia que serão minhas guardiãs recordando em movimentos inspirativos, junto ao enfrentamento inevitável no ajuste perante a misericórdia divina em um corpo que se tornara ferramenta de cura para os vestígios graves que trago na contextura espiritual minha.

É o abrir a porta da esperança novamente ao meu espirito, neste fechamento, necessária a brevidade, gostaria de focar a atenção de tantos  quantos estiverem aflitos, em semelhança a condição que tive em meu egoísmo, de violentar minha existência com o suicídio, há o caminho do amor para as almas em aflição, cujo processo avaliativo jamais dispensa a prece rogando forças para superar os momentos difíceis.

E mais, ver na dor uma escola elevativa e que a vida na sua sequência interminável do ponto de vista do ser é seu bem mais precioso que não deve medir forças para sua preservação.

Agradecida pela oportunidade

Autora espiritual

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Antonio Carlos Tardivelli