terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Irmã Caridade.

A procura.
Do amor feito ventura fui levitada pelo vento a paragens sublimadas
Assentado a uma grande pedra na altura certa com encosto, nunca tinha visto igual.
Não a pedra que parecia ser talhada como assento em perfeição
Mas ao ser nela assentado, longos cabelos, olhos marejados, lúcidos olhando a terra.
Silenciosa assentei-me próxima e fiquei a mirar do alto a terra.
Onde estava não o sei, sei que a via diante de mim como se longe dela estivesse.
Não pude indagar-lhe nada quando me olhou, pois minha alma devassava.
Senti que não havia necessidade de perguntar  nada seu olhar dizia-me tudo.
Olhei novamente a terra, lugar de provas bem duras, e uma enorme sombra a recobria
Querendo fixar o olhar foi como um viajar pelo espaço em laço de um instante.
La estava eu  defronte a um destes suntuosos palácios de oração e que via?
Sombras enegrecidas entre as sofridas almas que imploravam reconforto.
Adentrei e no púlpito majestoso um homem bradava feito louco
Essa é a casa do supremo Pai, e sua causa é justa, façam ofertas generosas!
Compreendi as lagrimas do que estava assentado, pois tanto fizera para abrir os olhos aos cegados, e, entretanto as lagrimas ainda proliferavam em abundancia sem o consolo verdadeiro.
Como crianças mal saídas do primário, os sentimentos ávidos se apresentavam para as aquisições temporais, enquanto o templo sofria, chorava, se contorcia!
Nunca foi para o que esta fora os mais sublimes ensinamentos, foram pregados nos campos abertos, nos montes para multidões aflitas, que homem assentado consolava.
Vi-me então levitando ao seu lado como se sua vontade movimentasse meu ser para onde o quisesse, e era como estar no céu estar a sua proximidade, extasiante movimento, se bem que para olhar os tormentos da terra me levava.
Sem indagar nada fui aos lares mais humildes ver os rostos macilentos e cansados pela jornada do dia, abriram um livro velho e surrado, antes do jantar simples posto a mesa, e foi magico o momento, o céu se abre e do firmamento luzes cintilantes descem naquele exato momento.
O homem de rosto sofrido abre a pagina ao acaso e lê emocionado algo assim.
Bem aventurados os que sofrem porque serão consolados, bem aventurados os puros de coração porque verão a Deus. Enquanto lia emocionado os olhos de sua alma se abriram para o espaço e as luzes como benção caídas do divino pensamento, fizeram-no ver o homem que ali me conduzira!
Ah divina vista, entre as lagrimas  emotivas brada o homem emocionado!
Jesus! Jesus! Jesus!
Então um grande silencio se faz. Porque a paz ali chegara e o homem de rosto cansado e sofrido se altera, transfigura-se em ser de luz e o quadro que vos declino foi de beleza inigualável.
Nenhum templo por mais repleto que esteja de gritos alucinados, de púlpitos vazios de verdade, tem a grandeza daquela alma que no seu canto de amargura, elevando aos céus sua ternura, abre-se lhe os olhos da alma em suprema ventura.
Não que não devam cobrir-se de teto para os louvores divinos, meu filhos diletos, não que não devam vestir o corpo para se abrigar do frio, perfuma-lo de cuidados para que sintam-se felizes e com leveza. Não que devais vestir-se da pobreza para chegar a vista do infinito bem.
Mas considerai os lírios que nascem nos charcos pestilentos, e quando fordes vos dobrar ao divino pensamento, em todo e qualquer lugar sereis de pronto ouvidos. O céu desce a terra dos aflitos, quando esses por serem seres do amor divino, se dobram sinceros aceitando o fardo que carregam.
E na sublime presença se colocam, porque o templo que realmente importa, que se transfigure em beleza como esse que vos apresento, não necessitou da suntuosidade, não precisou de vestes em rituais rudimentares aos tempos primitivos, mas sim do louvor da alma sincera ao infinito.
E quando o céu escolhe instrumentaliza seus escolhidos. E aquele que estiver aflito que não esqueça o lugar de louvor e  adoração é o vosso pensamento. Torna-o luz junto ao infinito e dos céus em abundância vos virão os anjos da caridade a vos cobrir com a paz que vos edifica a alma, mesmo que em provas mais ásperas.
Quando fordes orar disse  repete-me ao pensamento o homem assentado, porque num tempo de um instante vi-me de novo frente ele com seus olhos marejados.
Recolhe-te em teu quarto escuro e Deus que vê no oculto vos atenderá em vossos pedidos justos.
Não pude deixar de chorar a essa  vista, porque uma viajora de longa data na escuridão dos enganos, que fui, naquele momento divino para mim renasci para a vista da vida além da vida que existia para mim.
Chegaram-se a mim pessoas como anjos em beleza e foi-se me desvanecendo a consciência e de repente um grito se ouvia! Era o meu!
No mesmo lar humilde eu renascia Porque logo ali? Porque ali era o céu tudo mais  estava escuro, envolto em sombras que necessitavam de trabalho árduo e exemplificação mais pura.
Porque a transformação do erro para a verdade por vezes necessita dos anjos da caridade, encarnando novamente para trazer de novo o presente.
Eis o templo que importa, o corpo que ocupas com tua alma, torne-a generosa e boa e luz dos céus se lhe fará em torno como fosses anjo luminoso nas sombras dos egos e enganos.


Irmã Caridade.

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Antonio Carlos Tardivelli