Longinus.
A alma quando necessitada, como a
minha ao deixar o corpo, revia minhas atrocidades entre elas a de transpassar o
coração da mãe sagrada, um grito de pavor ao saber-me vivo e obrigado a
presenciar o seguimento do que a minha vista parecia ser minha demência, via-me
em reuniões as escuras nas catacumbas, onde um tomava a frente e falava do seu
amor e sua devoção aquele que eu transpassara.
É como estar mergulhado nas próprias
sombras, ouvindo gemidos e não tendo onde buscar paz e quietude, como se o sol não
mais nascesse no horizonte como dantes, mas era atraído para as catacumbas onde
os seguidores do crucificado se reuniam para lembrar dele, falar do que fizera,
da esperança que trouxera, e eu insano o transpassara, me sentia o seu
assassino muito embora para minha desgraça, cumpria ordens insanas e cruéis.
Assim fui presenciando devotamento,
coragem, resignação, embora não mais estivesse entre os vivos aquelas palavras
pareciam despertar em mim algo novo, como se eu nas minhas sombras, tivesse um
raio a surgir tênue direcionando as forças intimas para uma espécie de renovação
que ocorria a cada vez que ouvia os seguidores falar dele, do crucificado.
Não dava para não perceber que o
que falavam, era em seu conteúdo verdade, a vida seguia seu curso no fluxo interminável
para minha alma, que sofria as consequências dos meus atos, porém aquelas
palavras de esperança e fé junto a exemplificações de coragem, as vezes ate no
circo romano onde eram sacrificados junto as feras, como que queimavam minhas
angustias e inquietações, era como se acessasse lembranças de antes da existência
física, onde tinha me proposto a seguir rumo diferente nas ações, cai, e como
desencarnado assistindo as predicas de esperança, foi novamente abrindo minha
vista sobre mim mesmo, em um processo de renovação.
Bem mais tarde, junto a tarefa
que se me apresentava a frente, já que nestas reuniões não me encontrava só,
eram muitas as testemunhas chorosas ainda por seus equívocos, como a minha consciência
era desassossegada, outras tantas buscavam esperança e encontravam, o que não percebia
no primeiro estágio, já que as disposições em escolhas infelizes promovem a
cegueira temporária, quando se deixa o corpo, como foi no meu caso, não percebia
o amparo que recebiam todos os que ali estavam, uma multidão reunida em torno
de um foco de luz ouvindo os seguidores do crucificado.
Atentai, vossa fala quanto diga
de vossa fé, é reconhecida por almas infelizes como a minha foi durante séculos,
pois a consciência dita que devemos corrigir o mal realizado, em todos os aspectos,
onde envolveram outras almas e as desencaminharam do caminho reto e justo, na
colheita em nós mesmos entanto, há misericórdia que nos assiste, como a nós junto
aos primeiros seguidores do crucificado, aos vossos dias, em reuniões sérias
envolvidas pela verdade e vida, que ele traz a todos nós, vivos e os chamados
mortos, multidões de aflitos ali se socorrem e são amparados, não importa o rotulo
qual sirva para vos identificar, se vosso coração encontra-se em sincero desejo
de acerto e correção, as testemunhas do senhor
crucificado se apresentam prestimosas ao amparo.
A história de amar se repete,
desde que a lança transpassou o coração da mãe sagrada, claro que essa
lembrança agora tem o fito educativo da esperança aquele que a busca, vejam, o
soldado antes que arriscava sua vida sob ordens insanas, mas era como uma
criança que escolhe caminhos tortuosos, e quando se dá conta, já tem feitos
somados a si que clamam por correção, onde corrigir nossas antigas
transgressuras senão nos braços de
misericordiosa oportunidade de vida!
E ela renovou-se, e tivemos a
oportunidade de corrigir as disposições intimas desavisadas, estabelecendo um
roteiro para acertos nas ações em vida, foi grande a luta, já que a colheita obrigatória
nos traz os comprometimentos frente a lei divina, e recolhemos em nós mesmos,
hoje entendo que aquelas reuniões, na acepção da palavra, de vivos e mortos, os
mortos que estavam vivos eram em maior quantidade naturalmente, era o abraço da
misericórdia divina em instrução de vida, já para os iniciados nas duas esferas
para o reino dos céus que muita vez dormita no ser vivente, em termos de exata compreensão
pela consciência evidentemente.
Pedimos permissão para contar um
tanto de nossa história, tudo o que fazemos no que pensamos e expressamos
torna-se em efeito o produto de nossa ciência ou crença, admitida pelos afins
em serenidade, pelos contraditores, o que no final das contas é visto por
verdade no próprio ser, consciência viva, no templo corpo como dizem aqui, ou
fora dele, em outro mais sutil é claro, para nos comunicarmos, é necessário o
veiculo apropriado, a proximidade das esferas espirituais deste tempo de transição,
pode-se descrever como intensa movimentação daqueles amparadores, o tempo é
chegado, da separação dos bons e maus pendores, os cruéis ficarão entre seus
afinizados, os mansos herdando a terra onde não mais a crueldade e violência que
hoje ainda se perpetra, não mais a visitarão, senão quando se corrigirem, a misericórdia
atinge a todos, mas esse ponto é outra história, que se tiver permissão, contaremos
um tanto mais a frente ou mencionando nesta obra.
De certo que desde que o transpassar
do coração da mãe foi feito, e fui socorrido por ela em muitas de minhas
angustias em correções de rumo, agora mais uma vez, peço sua graça e condução serena,
para que a prova de vida de além vida, possa servir de esperança aos que se encontrem no vale de lagrimas.
Que Maria nos ampare e seu filho
que nos perdoou em seu amor possa nos tratar como um de seus aprendizes, e
permitir por esse caminho, que tragamos contribuição em esperança e fé a todos
os que aqui chegarem
Graça e luz
Gratidão
Longinus Lucilios
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Antonio Carlos Tardivelli