Depois que tudo termina e nos
achamos ainda em consciência, pois em nosso saber tão limitado, pensávamos, quando
por fim a vida me for encerrada em lapide para ser esquecida, nada mais
importará! E foi com essa disposição que enfrentei a vida e a morte, pensando
que tudo terminaria e que nenhum esforço ou determinação de minha parte
ofereceria quadro novo, oportunidade nova, existir na relação com o outro, como
no seio familiar que experimentei por oitenta lustros, entre felicidade e
dificuldade, e uma dor, que não desejaria nem para quem me odiasse com todas as
forças, um filho aos trinta e cinco lustros, se suicida.
Não existe creio dor maior do que a que experimenta a mãe que embalou em seu ventre por nove meses, depois por anos dedicados a formação
do caráter diante da vida, para esse momento, nenhum coração maternal está
preparado, é como se ruísse o castelo de alegrias com tanta dedicação erigido,
as angustias são inenarráveis.
Prestimoso amigo convidou-me a
narrar um tanto de minha história, é uma maravilha a vida que se abriu diante de
mim e que é uma benção dos céus agora, deixando o corpo para traz aos cuidados
da terra que o recebe para decompor, e oferecer o pó das estrelas para compor um
novo, embora assim não se veja, somos todos os espíritos sem corpo, herdeiros
de nós mesmos e dos nossos antepassados, nas escolhas feitas, oferecemos um norte
para nossa existência, quanto mais acerto mais responsabilidades frente a vida.
Logo, quando pensava que tudo
tinha terminado, vi-me em um local bonito, com jardins verdejantes e floridos
de beleza inigualável, levou algum tempo para que me reconhecesse alma imortal
e com a sequencia de presentes que se dariam frente aos deveres na vida que
segue, como se a cada presente tivéssemos por ordenação divina, que nos renovar
em cada conquista de nós mesmos.
Nos momentos de recolhimento no
canto preferido do jardim, um banco aconchegante e macio, rodeado de flores
coloridas e muitas delas transportando para a brisa que soprava leve, morna,
aconchegante de igual forma, carregando em si perfumes agradáveis, suaves que
predispunha meu espirito a uma espécie de recolhimento aprofundado, em preces, muitas vezes era como se meu coração quisesse visitar as lembranças do passado,
nestas horas parecia ouvir entre as belezas circundantes um gemido de
sofrimento de uma alma queixosa, suplicando a mãe de Jesus que intercedesse
junto a este, para apaziguar o fogo do sofrimento experimentado.
Busquei a instrução junto aos
mais sábios que me atendiam, falando-lhes deste fato que insólito me
constrangia, pois meu coração se compadecia, como se reconhecesse no gemido uma
pessoa querida. Eles prontamente esclarecem, e pedem para que em minhas preces
neste recolhimento profundo em mim mesma, direcionasse igual pedido piedoso
para aquela alma gemente.
Mal sabia que gestava novamente um
filho da infelicidade junto a mim, pois como espíritos imortais, cada um colhe
sua semeadura, e os corações que amam como eu amo toma para si deveres cada vez
mais abrangentes no correr dos presentes, e as dimensões por vezes tão próximas,
quase se tocando, explicar isso ate se pode, mas no momento dizem os
instrutores isso não seria útil, nem apropriado, basta que saibam que o amor assiste
a dor de forma a aproximar para que seja agua viva a jorrar de nossa essência aos
corações aflitos.
Via naquele gemido a oportunidade
de socorrer através das irradiações sinceras, como um pedido posto aos pés da mãe
sagrada, para que conduzisse o socorro adequado, pois era bem real o sofrimento
daquela alma, foi meu filho na encarnação, foi o suicida, que rogava dentre os
umbrais da sua consciência que se lhe fosse abrandado o fogo de suas culpas, é
assim que no auto enfrentamento todos os espíritos ficam frente a frente
consigo mesmos, diante da sua imortalidade.
Aos poucos por muitos anos, foi
se abrandando o gemido, dando lugar a suspiros em gratidão, a alma queixosa
tinha compreendido seu grande equívoco e pleiteava junto as hostes do senhor
uma oportunidade de refazimento e de auto enfrentamento no campo de provas da
vida, para que vencesse por fim onde tinha caído, entrando com sua consciência nas
cobranças inadiáveis da essência divina, é assim que ocorre o julgamento e a
sentença a todos nós, a perfeição da lei esta inscrita em nossa essência, transgredir
em algum grau provoca a necessidade de ajuste, tão grave for o desvio, tanto
será difícil a sentença da consciência.
Fui convidada certa feita a uma reunião
dita especial, as mães ligadas a Maria santíssima, e a proposta era avaliar o
papel dos maternais anjos celestes quais chamamos nossas mães, e o somos em
verdade, pois o amor pelos filhos permanece, mesmo que estes escolham um caminho
tortuoso e sofrido para si, na prece coletiva um quadro de rara beleza, as mães
todas vestidas em vestes reluzentes segundo sua condição intima, é sempre assim
aqui, para as mais belas criaturas, que repletas de candura, renuncia, dedicação,
lumineia para além da vida, pois no Pai celestial só existe vida, irradiantes e
belas, os incontáveis anjos entoando cântico, e sobre elas uma chuva de pétalas
luminosas ampliava ainda mais o quadro de beleza exposto a minha percepção de
alma.
Essa exposição, tem como objetivo
clarificar que a existência infinda, é oportunidade de expandir os recursos de
amar de nossa essência, neste dia tomei no derramar de amor das esferas
sublimes o conhecimento de que teria a oportunidade de repetir a experiência
maternal, já com a madureza que ficaria em minha essência, do reconhecimento de
que a vida, a verdadeira vida, prossegue além da existência corporal física, e
que nosso amor passa também por um processo de evolução em nossa consciência,
como se, nosso espirito ansiasse por isso, oportunidades de amar
verdadeiramente.
O que foi no decorrer da preparação,
despertada em minha consciência, que recepcionaria no meu ventre o filho
suicida, para novamente aplicar em vida o reconhecimento do meu espirito sobre
a imensa misericórdia, imaginem um coração maternal, sofrido, pois no jardim
onde orava, compreendia a lei de causa e efeito, de coração apertado lembrava-me
do infeliz filho, em sua escolha equivocada, só não sabia que aqueles gemidos
era por conta de que também ele em mim pensava suplicando a grande mãe que
intercedesse por ele e que amparasse minhas dores maternais que lhe fustigavam
a consciência.
Exultei e alegrias indescritíveis
com a possibilidade do socorro ao filho amado. Penso que a descritiva do meu
sofrer e de minha alegria pode vos servir, sim a você que enfrenta dificuldades,
aflitivas condições, já que a transição planetária esta em curso, e as transformações
do meio são inadiáveis, sinto que é por isso que me foi oferecida essa
oportunidade, de manifestar minha total confiança e fé na providencia divina.
Que une os corações em um laço inquebrantável,
como se o divino atuasse nos corações diretamente, oportunizando ser mãe e
filho. Na dor e no amor, na alegria ou na tristeza, na abastança ou na carência,
ate que a vida nos reúna novamente, porque meus irmãos e irmãs, a morte não existe!
Fique a paz que recebi por hoje,
que se fixe em vossas almas segundo a necessidade, se de balsamo que assim seja,
se de consolação que aquiete vosso coração das angustias e sofreres, se vos servir
de alguma forma para trazer o fundamento da vida como imortais espíritos que
assim seja.
Me perdoem, se me alonguei um
tanto, as mães são assim...
Gratidão
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Antonio Carlos Tardivelli