A criança que eu era um marco na terra da divindade, já que creio e no que sei, tendo sido observado em mim e no meu entorno, a criação é um ato generoso de supremo amor onde o feito torna eterna a alma em busca de si, como que água que jorra da fonte e ela, a fonte deseja retornar. Não ao ponto do princípio como centelha de luz divina, sim como consciência desperta para a realidade de eu sou, que liberta.
Era uma vez uma criança bela, de
traços angelicais, sorriso farto e generoso, bastava olhar para ela indagante
que uma conversação como agora o fazemos, surgia com pontos de vista quais se
olha, como se trouxesse antes do existir no corpo, disposições de conhecimento
do que seja viver. Porque olhas a essa revista menino? Não saber ler! De pronto
o espirito de verdade diz com ciência de si, sim hoje ainda não sei, mas vou me
preparar, estudar, e chegarei onde esta seu entendimento, irei além!
O ciclo da existência prossegue,
o que era infante se torna aborrecente, o que era inocente é tocado pela lama
do ambiente, uma profunda dor então surge, o crescimento impõe lições duras,
como se devesse saldar uma antiga dívida, e as situações vão sendo apresentadas,
as lições da escola primaria, os mestres, os amigos que se faz na correria
entre o que se ensina o que se consegue absorver apesar da fome, sim, a fome,
quadro dantesco na criança bem pequena que mal balbucia pela pena, não sabe nem
pronunciar – dá-me de comer o pão! Pobre alma que não sabe por que sofre.
O tempo corre, urge que se aprenda as lições de
vida, o espirito assim anseia, as religiões são testadas pela razão dentro do
campo de emoções intensas, a essência vibra como se buscasse seu princípio,
elevar-se para o encontro divino, do filho que retorna ao pai, e assim que é
como sempre foi, já que esta alma que escreve o que pensa e deixa-se
influenciar na sua escrita, já que busca do divino é preciso que haja o
discernir do que seja ser divino, então a auto educação é indesviável. Nenhum mestre
no templo corpo para instruir no que necessário, nem um ombro amigo onde repousar
a cabeça, por norte as disposições intimas que movimentam a direção focada, ir
o mais próximo de Deus que minha alma possa!
E aqui estou neste presente, alma
ainda carente do senhor da vida, quem pode ensejar não necessidade de estar em
sua presença, de qualificar-se em sua vontade suprema, como fez o divino amigo
indo até o gólgota sem medo, já que sabia antevendo sua ventura de ser Cristo,
a presença do pai de infinito amor corporificada! E o que nós somos nesta
estada? Almas aladas? Crianças festivas? Inocência perdida? Ah o poema anseia
que o poeta diga mas ele a si oculta em suas dores e alegrias, afinal cada passo
em raiar do dia, um novo poema entre os extremos se anuncia!
Chega o poeta vadiante, trata o
verbo retirando não se sabe de onde símbolos lúdicos, alegrias intimas e
profundas como se sua estada fosse um cântico em adoração a Deus que tudo fez e faz, que instrui
instrumentalizando a que se realize, na alma em primeira instancia do eterno
posto ao mundo na figura de seus filhos, somos um na multidão, que hora ri em
suas ilusões de posse, ora chora na partida como se na lapide acabasse a vida,
e não se sabe senão por esse caminho intermediativo, das almas desterradas que
seguem em seu sentimento de vida, em emoções, em realizações, em aspirações que
mais se elevam, quais não se tem notícia no todo senão por fragmentações como
essa, é perola qual não se pode oferecer aos porcos, não saberiam seu valor nem
o que fazer com ela!
Mas a vida segue para toda alma,
vez se tornará poeta, visitando sonhos como fosse quiméricas ilusões postas ao
sentido, em verdade é vista do porvindouro tempo, já que pensa no que sente o poeta
e profetiza vez sem o saber, no que vê segue a pena descrevendo, como se
falasse a página, vá e alcance na multidão outra alma na mesma esperança que se
segue, faça um carinho que se for aceito, traz por fruto a ternura ressurgente,
está oculta, esta no outro a sua espera para que a tenha em si como retorno,
Eis que sou amor e faço, por isso por
efeito me retorna cada sagrado ato, não se sabe desde quando já que o
principio da alma esta entre os segredos de Deus!
Mas se mede o presente, pressente
que suas tendencias impulsivas vem de uma gravação intima a qual necessita ter domínio,
medir a si no que faz, saber-se responsável para tudo o que exponha de si a
vida, se instrução por fé que pensa, que assim seja por consolação em alegria,
um amigo parte primeiro desta vida e o coração aceita porque sabe que o
reencontro é inevitável a quem ama pois o amor atrai amor a si e este está vivo
na essência que é divina e que anseia estar o mais próximo de Deus que se
possa, então olhamos o filho ou filha a nossa frente, uma alma querida mesmo
adversaria nesta vida. Fato da presença de Deus frente a nós, já que quem vê o
filho vê o pai. Isso é ensino vindo do mais sagrado sentimento
Então se segue que, sendo poeta
relê sua página, o que tenha de si nela e o que seja doutro que o inspira, um
poeta carrega em si muitas almas, umas um tanto delirantes por beleza e vida,
outras nas sombras que entristecem, por canto de alma que o poeta tenta, a uma
oferece prosa a outra consolação na pena, já que quem divide o que tenha se
pergunta
E agora José? O que vem após a
pena?
Vem a próxima página a ser
escrita diz o espírito de minha essência.
A vida segue
Namaste
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Antonio Carlos Tardivelli