terça-feira, 7 de julho de 2015

Órfãos

Liberdade
Que se apregoa no espirito da letra toma diretiva nova
Quando por força do sentimento que povoa o ser interno
Roga, vez chora, vez lamenta o tempo perdido
Pois foi livre e agora por sua desventura se sente aprisionado.
Onde esta a desenvoltura dos tempos áureos
Do abraço amigo nas festas felizes, para onde foram aqueles que dividiam alegrias?
Por certo mais livre agora possa entender a minha fragilidade, o vazio que se instala no campo das ilusões internas quando valorizando elementos passageiros a alma se aprisiona no enredar dos seus  enganos.
Fica restrita ao campo das ilusões como fiquei por longo período me lamentando das ausências dos amigos que assim julgava amigos, sem a amargura hoje que me aprisionava nos campos ilusórios, vejo que os valores novos que me estão sendo oferecidos tem a preciosidade de luz reluzente que me desperta, com se estivesse ausente de mim mesmo em trajetória escura e solitária.
Não me cabe dentro do campo da liberdade presente interferir nos que ainda se encontram no campo transitório, pessoas queridas as quais devoto ainda meu melhor afeto, por isso, dentro da liberdade de escolha já mais consciente do meu agora, do meu próprio ser, só conto parte da historia da minha existência neste movimento de misericórdia para que derramando os conceitos que tenho agora de mim mesmo possa ser pequena fresta de luz rasgando a imensa e escura condição das ilusões passageiras das quais um dia fui prisioneiro.
Sabe-se hoje por conceito cientifico amplamente divulgado algo que na simplicidade de um outro momento o justo por excelência disse: “na casa do meu pai existem muitas moradas”. Para os descrentes da imensa misericórdia do doador da vida, bastaria nos tempos atuais pararem diante da imensidade e meditar com essa base e com o pasmar natural diante da beleza do universo, entender, que o ser que pensa, que age, que escolhe, que constata tantos detalhes no macro cosmo e no micro cosmo  bastaria para entender que esse ser que somos tem em si mesmo por doação do eterno, eterna jornada a sua frente muito embora quando mergulhado na densa penumbra corpórea não possa avaliar com justa vista como o faço agora.
Meu modesto depoimento não tem a pretensão de transmutar conceitos enraizados como dantes os tinha em mim com relação a existência, pois julgava que no tumulo frio tudo se encerrava pondo fim as  aflições da vida que nos momentos onde as ilusões não me anestesiavam os sentidos percebia um imenso vazio, impreenchível nem pelas lembranças sorridentes aparentemente felizes como eu me achava.
Mas como a vista do porvir se me chega de forma clara e coerente agora, posso antever situações em semelhança que a modesta exposição de movimentos de íntimos conflitos podem de alguma forma beneficiar como uma sementinha colocada ao inconsciente que a tempo justo germinará em cores de esperanças futuras, como foram para mim ressoando na minha alma as palavras caridosas da cuidadora no período vivenciado no orfanato onde me sentia abandonado e perdido.
Era uma espécie de colheita pois a filiação anterior me colocava como devedor frente a existência num processo de completa e absurda ingratidão e revolta, porque via-me pobre materialmente embora tivesse pais operosos que não me deixavam faltar o necessário.
Mergulhei no campo ilusório das aquisições do ter e meu ser que é espiritual, hoje compreendo, deixou-se prender nas malhas egoístas que quer somente a si, deixando inclusive enquanto complicante ao meu futuro espiritual abandonava aqueles que na infância me elegeram na oportunidade de uma vida, com desvelo e d edicaçao, plantando no meu coração rude os rudimentos da fé, mesmo estando a vista a indiferença aos seus ensinos mais nobres.
Colhi sim e na orfandade sem que me desse conta dos deveres que deveria ter para comigo mesmo mais uma vez mais um fracasso nas condições das eternas leis que me fizeram escravo de condição aviltante internamente, sendo cruel, dominando outros seres com minhas posições equivocadas, ate que por força do que é eterno em cada ser, a luz vem rompendo as crostas do egoísmo e quanto mais duras forem mais dores serão experimentadas tanto na transitoriedade como no desligamento do empréstimo divino de uma experiência corpórea.
Sim, somos livres para escolher nos mínimos detalhes ir para onde quisermos, mas como disse o apostolo, onde tudo posso nem tudo me convém. E na vida que existe sempre seremos todos obrigados amorosamente pelo amor ou pelo amor na dor a rever nossas posturas e escolhas porque  somos em semelhança a semente.
Trazendo em nós uma essência luminosa que faz com que em semelhança a semente as duras crostas sejam rasgadas por essa força interior e natural que as impele a germinação e ao florescimento.
Não existe forma de não nos confrontarmos com as resultantes de nossa ação como seres de eterna jornada dentro das infinitas moradas do universo.
Quando recalcitramos contra os grilhões a luz divina em nos mesmos nos impelirá ao desenvolvimento produtivo no bem. Esperar pelo amor que ele aconteça iluminando nosso ser de forma verdadeira sem a atividade desta essência divina dormitante na semente, é confundir-se por tempo indeterminado em espera infeliz porque o direito da semente é germinar crescer e florir.
Para num outro estagio de compreensão mais felicitante possa produzir frutos de esperança, sendo livre para plantar e livre para colher os frutos de verdadeira alegria vinculadas ao campo dos deveres retamente cumpridos em todas as estações, considerando que em cada uma recolhe aprendizado eterno.
Uma estação uma vida  uma vida um aprendizado.

Antonio Carlos

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Antonio Carlos Tardivelli