A parte que eu sinto é a que vivo agora e o que acontece
comigo será prova ou colheita de algum tempo que se perdeu na minha historia?
NÃO o sei de fato porque nesse presente ato tenho as dores
como companhia diária, terá a compaixão divina permitida para que me cure a
alma?
Confesso não o sei de fato, penso a vida como seria sempre e
se assim é porque a chuva la fora estaria ainda fecundando a terra,
limpando os ares, permitindo a vida um novo respiro em renovados perfumes.
Claro que minha dor é minha, se colheita não o sei de fato,
porem a fé que me anima onde me leva agora? Ter chegado a hora de o meu
espirito alçar seu voo como se anjo fosse?
O triste para quem sinta dor é parecer que a solidão se
apresenta e fica, uma vez que ela pode ser o cômodo onde se abriga a descoberta do
porque sou agora na companhia somente da dor amiga, será dor de amor que purifica ou
justa causa de ação passada sendo divino amor que cura?
Uma e outra me parecem à resposta mais certa.
Mas o que quer minha alma com essa companhia, dizem que de
divino acervo se o tivesse ela erradicaria, então não tenho o que me possa
curar essa espécie de constrangimento, uma dor do físico outra na alma como
lamento?.
Se fiz algo que não me lembro, de um outro tempo e por justa
causa aqui eu colha, que também a misericórdia possa alentar minha solidão, dizendo para que eu ouça, a dor
torna perdão, porque purifica.
Eis-me aqui e agora; sem o recurso da fé que me incita a prosa,
por crer na vida além dos espinhos desta rosa, que traz em seu perfume alento a
prova.
Rogo-te Senhor dos céus que me faça forte e que não te tente
a tirá-la antes do tempo justo, porque sinto que sei que é de ti manifesto da misericórdia,
dor que trago em solitária colheita do que devo ainda.
Mas se por ventura fora deste corpo não tivesse a cura,
todas as manhas quais me sinto aliviado desta companheira, então eu penso, que não
tenho como espirito a dor que sinto e que ela so pertence a mim no campo físico
para entender que depois daqui, se bem suportar a solidão e a dor...
Terei acesso ao céu meu Senhor?
Se for averno a única sorte, porque ao despertar como se
fosse com um outro corpo não sei a onde, retorno como que balsamizada essa dor
que sinto,
como se não a tivesse no corpo com o qual o céu visito, pois só pode
ser dele o alivio. O averno me trataria como seu e ela seria bem maior eu sinto.
Então me proponho a seguir em frente ate que a ponte para o
céu se apresente e o anjo que guarda a porta, Senhor permita! Que esta pobre
alma o céu de novo visite.
Se por pendor do teu divino amor me queiras como estou
agora, que não me abandone a prece de minha chorosa alma
Para que enfim a ti em mim te encontre.
Antonio Carlos Tardivelli
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