Flores no caminho:

As vezes minha alma tenta tentar a sua
E teu ouvido me entristece
Como se não me ouvisses, cantas, choras andas pela vida!
O que há para contar então neste meu conto
Amigos de tanto tempo tantas vidas
Quem pode definir o gosto do amor por um dia
Não estamos sós entre as flores
Se o amor quando canta, da minha alma para a tua
Ela que sonha com os odores de muitas flores
No jardim, no jardim, entre sorrisos olhares
E tantas flores, tantas flores.
Um dia perguntei a Oxalá, Pai, porque tanta dor
Tanto desengano, tenho pena, quero tanto levar encanto
Mas nem sei se sou ovelha do aprisco!Não sei de onde vim nem para onde vou.
Vejo a terra e tantas flores que só prestam atenção aos espinhos
Sem observar suas pétalas luminosas que poderiam em meio a perfumes de bondade encantar olhos atentos
SE bem que os espinhos ah os espinhos do caminho ferem sim!
Eles me feriam enquanto minha alma falava com Oxalá...
Ela dizia daquilo que eu sentia, hora medo, hora choro, hora alegria
E quando no fluir da existência Oxalá me responde com sua voz amorosa
Eu entendi, anos depois, que deveria viver entre as flores aceitando os espinhos
Algumas coisas diz Oxalá não podes mudar nem deves tentar
Mas existem maneiras diversas de olhar para uma existência
Se teu olhar se prende na sombra do espinho e da dor
Esquece dos dias luminosos, dos odores que te chegam vindos de toda parte
O ruído dos pássaros, as luzes das manhas, o respirar, o sentir viver
Meça com mais precisão todos os dias, e verá que cada um deles tem um quadro de maravilhosa beleza que se apresenta a teus olhos. Mas se olhas somente a teus pés, o que vês , são teus pés! São teus pés.
Então no silencio de muitos dias ouvindo Oxalá meu coração foi tomando lições importantes, sobre a beleza de cada dia e fui contando a minha historia.
La estava o anjo menino, sonhando na infância sorrindo correndo pelos campos nadando no riacho. Oxalá me guie... Oxalá me encontre...
Via os dias que viriam, não há desvios da lei eu o sabia. Porque Oxalá sussurrava..
Sim, no caminho existem flores...

Antonio Carlos Tardivelli