domingo, 3 de maio de 2009

O lar da esperança parte três.




O consolador.

Nos dias que foram se seguindo, a montagem do quadro que tantas emoções despertaram em seu coração foi se formando algo maior, mais abrangente. Que trouxesse aos lares mais desditosos algo que amenizasse o sofrimento.

Foi a partir uma pergunta de Melquisedec,um rapaz franzino, que começa a tomar forma em sua mente com base em tantos fatos vivenciados por ele nos últimos tempos.

A pergunta foi relativa a uma crença comum daquelas pessoas, que tinham como apoio o novo testamento cristão. Nele o enviado dizia que “irei para o pai mas não vos deixarei órfãos, rogarei a ele e ele vos dara outro consolador, o espírito da verdade, para que esteja para sempre convosco”

E o jovem pergunta, quem é consolador, quando virá?
Não era religioso, portanto via as coisas de um prisma diferente, sentia que todos poderiam realizar alguma coisa que beneficiasse seu semelhante, era a isso que se dedicava diuturnamente.
Não teve resposta no momento para o jovem Melquisedec, mas promete refletir sobre o assunto e lhe oferecer após o fruto de suas reflexões.

Foi uma sucessão de fatos que o envolveram dali para frente, dada a sua sinceridade em buscar a verdade pura e simples, sem fantasias, apenas por entender que esse simbolismo poderia ter algo a ver com as atitudes e manifestações do ser humano dentro da sua rotina de convivência.

Afinal era um espírito segundo o texto original, e como tal, qual seria o nível de percepção necessária para poder estar sob influencia de tal personalidade? Certo que algumas crenças se dizem portadoras deste espírito de verdade, ou ate elas próprias como finalização de um processo de elucidação e esclarecimentos junto a humanidade.

Por certo, que estaria entre todos os que buscassem a verdade, então porque não com ele que já a algum tempo tinha vistas de outra dimensão existencial na figura angelical de cachos dourados (MARIA).

De todos os dias mais difíceis naquela comunidade, tirara lição que guardaria com carinho. Algumas vezes entendia o que se passava nos lares mais humildes que visitava, afinal a companhia da angustia fomentava nos corações revolta muitas vezes, entretanto em lares abaixo da linha da pobreza, encontrava muitas vezes anjos devotados, com poucos recursos conseguiam conduzir de forma a atravessar os momentos mais dolorosos com visível manifestação de coragem.

Ali no lar da esperança era conduzido a pensar em coisas que jamais imaginara considerar, como se algo ou alguém, quisesse fazer brotar do lamaçal de sofrimentos e dificuldades uma luz e para isso ele se sentia um instrumento útil, pois conduzia suas ações todas nesta direção.

A cada dia um novo desafio, e como responder a Melquisedec? Em que direção refletir, para oferecer algo que pudesse responder a essa questão ?

Foi assim, que adormeceu em rede estendida no corredor externo do lar da esperança e adormecera...

Que sonho tivera naquele dia! Estava novamente na mesma estrada que percorria quando encontrara aquele local de sofrimentos. E o que via era algo assombroso.

Uma enorme luz de tom azulado, como uma bolha enorme, ocupava toda área onde se encontravam aqueles assistidos pelo lar da esperança , a vista era chocante, uma multidão de desfalecidos, estropiados, doentes, ficavam em volta desta grande luz como que recolhendo esperança, que era visível em suas faces sofridas.

Era como se mergulhados na dor visualizassem uma saída e isso reascendia em cada um,brilho diferente no olhar. Acorda de sobressalto, pois o jovem Melquisedec esta a sua frente como que se velando por seus sonhos. E por seu olhar penetrante parecia que participara deles de alguma forma.

Pergunta ao jovem que o observava, a quanto tempo estou aqui meu amigo? Horas diz o jovem, veja o sol já esta se pondo no horizonte e a terra já anunciam com seu frescor e cheiros característicos que vem a noite.

Vão juntos a partir daquela pergunta encontrar a resposta que a vida oferece.
Não á a verdade que liberta? Se encontrada na sua forma mais pura não vai norteando ações futuras?

Ate um jovem Galileu de nome JEOSHUA, quando indagado por seu carrasco silenciara, e esse silencio despertou em todos os que lhe tiveram contato com a historia, a indagação, onde esta essa verdade libertadora?

As vezes o silencio fala mais que mil palavras, e nele muitas vezes encontramos a nos mesmos, em nossa essência somos puros como a veste mais branca, que brilha ao menor toque de luminosidade. O que nos torna então, como seres de origem divina, merecedores de situações tão difíceis, complicadas? Crianças nascidas em condições de extrema pobreza, quando outras dispõe de jardins perfumados, paredes alvas em seus quartos onde o aconchego traz prazer jamais dor.

Somente a verdade pode libertar destes grilhões, mas grande questão para que a esperança tome corpo e forma, o que é a verdade? Essa busca iria fazer dele alguém que traz a vida, a água viva, e quem toma desta água jamais terá sede novamente.

Saindo do grande corredor onde estavam dispostas em filas redes trazidas por ele do norte do pais, de varias cores e que nas tardes quentes, a sombra do ipê e das mangueiras que ofereciam aconchego, todos se acomodavam e repousavam trazendo conversações interessantes, pois afinal encontravam naquele lugar um oásis de frescor em meio a tantas lutas .
Entrava-se em uma grande sala de conferencias onde diversas atividades eram realizadas, festas comunitárias, bazares beneficentes, palestras edificantes produzidas por diversas linhas religiosas convidadas a estabelecer uma reflexão segundo sua diretiva de crença, em algum assunto de relevante interesse para a comunidade.

A diretiva oferecida a cada palestrante era o amor incondicional, sem rótulos, mas focando a consolação que poderiam estar trazendo junto com o entendimento que tinham do que era a verdade.

No palco, por vezes, sublimes ponderações eram colocadas sobre as lutas diárias enfrentadas por todos os que passam pela experiência física, no lar mais aconchegante diversas dificuldades, no casebre semelhantes dores acrescidas da falta de pão. Como se fosse dirigido o nascimento na carne para uma gama enorme de necessitados em obter lições mais duras, em virtude da urgência de elevação a patamares superiores.

O dia das mães foi memorável, Melquisedec, o jovem magro, de olhos grandes e verdes, fora convidado a falar da sua experiência para outros de sua idade, que formavam uma centena de jovens das escolas secundarias que foram no lar da esperança para trabalhos voluntários.

Falara sobre a universalidade do amor.

Era assim o seu relato, pois a vida fluía por suas palavras, eram construídas imagens nas mentes juvenis onde a verdade de cada um fluía generosa e todos se sentiam um só, na urgência da continuidade do voluntariado espontâneo!

Dizia ser o amor uma pessoa
Que fazia o bem, na prosa.
Dizia em versos do seu sentimento
Enquanto fluía do céu, do firmamento.
Luzes diamantadas sublimes que caiam perfumadas
Como pétalas de esperança a mentes mais cansadas.

E o amor dissera, busca a verdade.
E acrescentara, eu sou a verdade e a vida.

Do meu coração dizia Melquisedec, na construção da liberdade.
Encontrei tesouros na fraternidade
Perolas preciosas na bondade
Momentos indescritíveis quando esquecendo a própria dor
Olhei para alem de mim mesmo e amei tanto quanto pude entender o amor.

No rosto desfigurado pela dor no desespero da proximidade da morte
Eu dizia: o que pode ser mais triste que o medo?
Se o inevitável desfecho da experiência termina no tumulo, porque o medo?
E não terminando como cremos, o tesouro esta onde nos o colocamos
O que somos pergunto agora.
Jovens em diferentes condições de vida e juntando o que podemos ser
Como um único movimento, uniforme, sem donos, ou dolo.
Tratamos por nossa a dor do outro.
Não é esse o caminho da esperança enquanto forma o amor?
Não é o inspiro do consolador que nos movimenta?
Então o que é o amor?
Diz Paulo:
Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos eu nada seria sem o amor.

`Por essa fala dele, entendo que esta dentro de nós essa força de imedivel alcance, e temos a necessidade de coloca-la em ações objetivas. A uns esse espírito diz, distribua o pão, a outros a palavra que conduz a esclarecimentos proveitosos, a outro a vista alem da vida, como um tesouro de esperança que ela, não termina.
E tudo como diz Paulo pelo mesmo espírito.

É o mais sublime amor que faz os seres que vivem em paragens sublimes, olharem para os charcos de dor e com ações objetivas, levarem por palavras, por assistência fraterna, esperança.

Temos uma figura na historia humana, pondera Melquisedec, chamada Maria.
É um parâmetro de amor dos mais sublimes, pois vendo ela seu filho ser crucificado, em seu amor, depois de ter pela vida passado ainda se oferece prestimosa, nas cercanias da dor mais angustiante, sua assistência oportuna.

É claro que é uma questão pra mim de crença, pois sinto Maria como uma mãe, de todos nós. Ela vive no céu, e do seu céu interior despeja sobre nós o balsamo, tocando corações que passam a ser consoladores.

Então a grande promessa se cumpre através de todos nós, quando conseguimos pela força do amor, esquecermos nossa dor, sublimando nossos sentimentos, em ações objetivas que tragam esperança a quem se encontre sem ela.

O amor diz, estarei com vocês para todo sempre. E nos perdemos muitas vezes no agora considerando que somente este presente existe, quando olhamos para o céu, isso pela verdade que liberta, se torna pequeno esse presente, como nossa dimensão vista do espaço exterior. Mas não nos enganemos, qual a molécula mais importante em um diamante?
Se o todo forma a harmonia e beleza o bem precioso, cada presente é um acréscimo do amor divino a todos nós.

Agora é um ponto presencial de nossas vidas, na construção ou aquisição de tesouros eternos, levamos segundo penso, o que estamos, porque o somos já é divino. Nada se acrescenta a não ser o lapidar pela experiência, nos caminhos diversos que a vida oferece.

Hoje tenho Aids, desde que nasci, e talvez tenha vivido ate agora apenas para falar deste amor que me liberta. Nasci com ela, como uma mola impulsionadora para que indagasse sobre questões profundas. Porque foi a primeira indagação, e as outras que se seguiram me trouxeram ate aqui.

Falar do amor, sem contar da minha historia, das minhas memórias, não teria sentido.
Poderia eu esquecer meu grande amigo que me tirou do leito onde a única companhia era a dor, em sua generosa oferta, construindo o lar da esperança? E aponta Melquisedec
para um homem que chorava a porta, também ouvindo suas palavras.

Tenho pra mim, continua, que consolar é amar na forma sublime, é ter nas mãos a bondade que assiste, no coração os tesouros mais sublimes que partilha generosamente.
Por ser verdade vezes é no silencio que atua, não busca o reconhecimento, nem a gratidão espera, é mais que a fala dos anjos e dos homens, é tesouro divino manifestado no ser humano.

Quando termina sua exposição Melquisedec se vai e ninguém mais o encontra.

Ah consolação, tens a dádiva dos céus em vibrações do mais sublime amor, por vezes sois uma aparição, um fantasma que dita alem da vida que a vida não termina na mortalha fria. Noutras sois o vento festivo das primaveras, perfumados, acariciando as faces marcadas pela rudes da estrada.

Sois por vezes o verbo inspirado, o toque das imagens construídas com zelo nas esferas dos pensamentos elevados, ah que despertam o sublime anjo oculto a espera da chave para agir com pressa e prestimoso.

A terra é o céu a tua espera.
Não demore no entender o que te aguarda.
O amar esta a tua espera.
Se, pois a esperança que não nega
O braço amigo
A palavra terna
Aquele que se faz presente como luz divina
Afrontando a dor alheia com os tesouros do coração.
Trazendo alento a quem chore
Vista do céu por quem se sinta no inferno
E porque bebes de água cristalina, na fonte divina.
Ofereças aos sedentos do caminho
Esperança não mais cerceada pela cegueira.
Se pois o consolador na terra.
Tu o conheces, ele esta em ti
E amar de ti espera...

O lar da esperança naquele dia ganhara novos voluntários para trabalhos no amor.
Quem é, pois o consolador o espírito de verdade pergunta...
Ao teu coração que leu ate aqui
Se não tens resposta certa agora, vá aos campos da terra onde o trato da bondade esta a tua espera, onde o possível a ti, mesmo que seja uma só gota aos sedentos é a chave que liberta.
E nossa historia continua...
Tem a porta de Luiz o andarilho...
Mas isso fica pra depois quando o lar da esperança for parte de quem leia este escrito
E creia no mínimo na vida alem da vida...

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Antonio Carlos Tardivelli