domingo, 26 de abril de 2009

O lar da esperança parte dois.





Os trinta desenhos que compunham um quadro!

Aquele nome, Maria, o conduzia mais uma vez a sua infância.
Na grande tela colocada para projeção de filme natalino, que o chocara!
Um homem fora conduzido para a crucificação!
E uma mulher chorava...

Como se perguntava, comemorar uma data que se diz festiva com uma película tão deprimente do ponto de vista da agressividade humana? Como o ser humano consegue ser tão cruel?
Via somente as lagrimas de uma mãe aos pés do crucificado, associadas as da sua própria despertando nele questionamentos profundos. E o nome daquela mãe era Maria, como também era chamada a sua.
Interessantes e conflituosos as vezes os grandes questionamentos do espírito em sua jornada eterna, por vezes assombrados pelo ter, maculamos o ser com a vista obscurecida pela verdade em si mesma.
Era o homem crucificado portador de uma mensagem que viajaria pelos séculos a mercê dos mesmos violentos e que pouco ou nada a compreendiam.
Seus questionamentos sempre o conduziam a olhar alem da forma, e sempre se orientava por suas próprias conclusões.
Sob os efeitos das lembranças de sua infância continua sua proposta de mural com os desenhos dos adolescentes e que comporia um novo marco para o lar da esperança.
Foi pela ordem em que pegara os desenhos das crianças para o quadro “ pensando historia”.
Depois do nome de cachos dourados, Maria, veio o pensamento transportado para a forma de Juliana, a menina paralítica que todos eram incentivados a ajudar, pois alem do problema comum a todos tinha a paralisia.
Seu coração aos saltos olha para o desenho e não consegue evitar que lagrimas quentes escorressem por sua face.
Ela descrevera em seu desenho os amigos reunidos em torno do ipê rosa, No local lhe cabia, por ser o contador da historia do dia, parecia que ela desenhara o crucificado de sua memória da infância! Uma enorme luz era o que se entendia por um circulo com raios multicores, que a principio entendeu ser o sol no horizonte, mas por analise mais precisa, percebeu que a menina desenhara com todos os tons de cores disponíveis a ela o lugar onde ele vira cachos dourados assentada e ouvindo a ele naquele dia(Maria)
Novamente veio a sua mente...
“O reino dos céus, é semelhante a uma semente de mostarda, é a menor das sementes, mas ao germinar se torna frondosa, abrigando em seus ramos os pássaros do céu”.
Entenderia um pouco mais profundamente no correr daquele dia, como esperamos que você que lê, também considere.
Que tudo o que esta fora é elemento para despertar o que vive dentro!
Que esse reino, dos céus, onde se encontra a terra também, é por via de constatação dado ao avanço da ciência, tanto em todo o universo como aqui na terra, dentro dos corações e não fora deles.
“Pai! Seja feita a vossa vontade, assim na terra como nos céus!
Essa vontade superior sempre acontece considera ele naquele momento de emoções e lagrimas que se seguiriam marco da sua existência, pois cada descoberta onde se abra a porta do universo interior nos torna seres renovados, com novas propostas de acertos cada vez mais precisos, em sintonia com a verdade eterna.
As lagrimas ocuparam novamente em fluir posto que a seqüência dos desenhos por mentes que viviam absorvidas pela dor, pelo abandono, por doença implacável, lhe oferecia naquele instante lição que reservaria lugar especial em seu coração pela eternidade, era esse seu desejo, jamais esquecer...
Depois de Juliana, foi o de Paulo, menino magrinho, meio pálido que em suas primeiras semanas no lar da esperança, trouxera alegria e ao mesmo tempo despertava grande compaixão em todos.
Olhos azuis grandes, quando chegara era tudo o que se podia ver de belo no menino, todo seu corpo carcomido pela desnutrição, era pele e ossos! Mas quando tocado pelo carinho dos voluntários do lar, sorria! E seu sorriso se assemelhava a duas estrelas de luz ofuscante e azul a brilhar e motivava quem o assistia a se desdobrar em vibrações do mais puro amor em sua direção.
- Quem lhe falara de amor assim na sua infância? Quem lhe ensinara os caminhos da compaixão, quem o transportara para aquele lugar naquele dia, perdendo-se para se encontrar? De que ser era a voz que ouvir ressoar dentro de si...
Paulo desenhara o campo de futebol com os meninos correndo atrás da bola, e um outro ele próprio, correndo feliz entre eles! O juiz, era parecido com o homem do desenho de Juliana, no lugar onde ele se colocava para contar suas estórias ah, mas na beirada do campo, onde pela primeira vez freara seu carro, onde cachos dourados lhe aparecera pela primeira vez para depois se desvanecer, mais uma vez, o desenho de uma luz de cores diversas.
Um dia o amor disse:
“Onde estiverem duas ou mais pessoas reunidas em meu nome ai estarei presente”
O lar da esperança, pelo que sentia, já não era algo de estrutura externa. Tomava forma, cores, luzes nos desenhos das crianças. Já tinha se tornado algo do lado de dentro naqueles pequenos anjos mergulhados na agressividade da Aids.
Aninha o deixara assombrado, desenhara uma arvore grande que lembrava e muito o ipê rosa, todos eles assentados e no local de cachos dourados mais uma vez com traços de varias cores um pequeno sol reluzindo e deixando seus raios multicores se desprenderem e como que se dirigindo a cada cabeçinha ali presente.
Pareciam todos filhos de cachos dourados...
O desenho de Pedro Paulo fora desconcertante atrás do ipê onde apenas um barranco havia, desenhara outro edifício de cinco pavimentos e sobre o menino no desenho de Aninha mais luzes desprendidas de cachos dourados se concentrava, e para isso, não encontrara explicação.
O menino tinha historia semelhante aos demais, nascera no bairro pobre, era negro um lindo menino negro, e sua doença já tivera traços alarmantes com complicações diversas
Quem pode medir o alcance da compaixão? Se nós que somos imperfeitos, damos boas coisas para nossos filhos, quem nos fez humanos e divinos, e nos tem como filhos seus deixar-nos-ia a mercê da dor olhando todo sofrimento de um trono reluzente?
Porque a dor esta espalhada e as almas gemem nos cantos obscuros parecendo abandonadas, ao pensar isso, pareceu-lhe que um perfume suave era trazido pela brisa daquela manha de primavera.
O cheiro de roseiras plenamente em flor fez com que seu espírito recordasse de cachos dourados, não fora sua aparição no momento oportuno, quando perdera-se e se sentia perdido, o impulso que necessitava para dar uma direção objetiva as suas ações na área social?
Reunido com aquelas crianças quantas lições de amor tivera com as aparições de cachos dourados! Parecia um anjo motivando a compaixão que sentia pelos mais sofridos.
De Pedro Paulo, não sabia, mas estava reservado um momento especial de despedida quando tivesse terminado sua tarefa junto ao lar da esperança, no momento em que ele se despedisse da vida e das crianças que passara a amar como se fossem seus filhos.
Zoaraia, a menina autista, aidética, também rabiscara talvez motivada pelo momento onde o que se ouvia era só o roçar das pontas do lápis nas folhas brancas. Entre os rabiscos que a primeira vista pareciam desencontrados, observara trinta pontos onde usara a mesma cor, e formava na pequena folha um quadro abstrato e de uma lógica estonteante, para ele, que sabia, era o único que via cachos dourados.(Maria)
Num tom de azul que tudo unia, que partia de Maria, como um circulo traçado formando uma espécie de proteção para os trinta pontos comuns, onde ela, com seu jeito descoordenado fizera encontrar todos eles em tonalidade de dourado, vermelho e amarelo ao lado .
Mãe lembrara naquele momento, que o fizera ninar quando pequeno, tinha colo quente e aconchegante, era o próprio amor que aquecia nas noites frias, onde fingindo medo corria da sua cama e choroso pedia para dormir no meio.
Cachos dourados parecia saber que ele entenderia o propósito maior do seu amor por aquelas crianças, levaria algum tempo para que juntando as partes ele pudesse isso acontecer, que o amor de cachos dourados, que despertara plenamente quando vira seu filho morrer aviltado, injustiçado pela cegueira humana, e se propusera a amar aqueles a quem ele houvera chamado de irmãos seus.
Até os próprios agressores, a plenos pulmões dissera:
Pai perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem!
E a dor por vezes é escola que redime, eleva a alma enquanto jornadeia na estrada poeirenta e fria. Muitas vezes violentada pela indiferença, não fossem as manifestações de amor de outras esferas, como aparições provando a vida alem da vida, na condução do voluntário desapego, da compaixão que existe dentro dos corações, no celeste abrigo chamado Terra. A dor sofocaria aqueles que passam por ela...
Então se ouve o chamado do amor lhe direcionando a compaixão, que esperas?
No desenho de João algo que enternecera, paralítico das duas pernas, ele se desenhara correndo pelos campos e o curioso nestes campos, eram as trinta arvores dispostas em torno deste campo onde corria! Parecia que o desenho de João ria enquanto ele chorava copiosamente ao ver fala comum a trinta corações!
No de Joana Maria, com seus cachos negros pendentes enquanto com um só dente sorria, encontrara mais que trinta, como se uma multidão não vista circundasse o lar da esperança, enquanto se ouvia historias nas tardes de domingo. Seria proteção de outras esferas se perguntava enquanto suas lagrimas rolavam silenciosas.
Por outro lado refletia aquele não era o lar da esperança, um ponto onde cachos dourados (Maria) lhe aparecia, e não era ela com seus traços angelicais e seus olhos repletos de amor e compaixão reunia os desabrigados pela esperança?
SE O AMOR FOR POR UMA VIDA, que triste sina para o amor... Morrer, morrer...
Assim, o mural se apresentava trinta pequenas folhas que já foram brancas, o próprio amor retratavam, era um dando pro outro, sentindo e ouvindo pensamentos.
Quem consegue ouvir ainda sua criança interior? Ela da asas a vida, conta segredos vê alem da forma sem medos. Perdoa como se não tivesse sido agredida, esquece as rudezas de uma boa briga.
Joga pião, brinca de amarelinha, mas se surge algo que lhe toque com um olhar cheio de ternura um grande sorriso devolve! O amor nunca será um estranho ao amor. È uma única luz, que parece adormecida, mas no trato da ternura pela vida, vai se redescobrindo seus contornos no interior dos seres.
Sua proposta para aquele dia, fora alem das suas expectativas e agora juntando todos os pensamentos das crianças, estendera num lençol pedido a Mariângela assistente social, e colados um a um na seqüência que encontrara, com o nome Maria! E os pequenos desenhos abaixo.
Formavam uma historia quem os via só pela forma não entedia a linguagem dos sentimentos ali colocados, eram parecidos! Todos tinham como uma luz e trinta eram os quadros, trinta eram as formas rabiscadas.
Mas só ele via Maria, ou melhor Cachos dourados...
Este lençol branco, com folhas espalhadas pela ordem, compunha a sala onde diversos pregadores, de diversas religiões se apresentavam como voluntário para falar de suas crenças, segundo ela, ouvira algumas, também tinham traços em comum.
Pareciam de mesma essência, embora os homens dividissem em nominações diversas.
E o quadro na parede, se fossem crianças ouviriam sua mensagem silenciosa.
A rosa é única. A roseira também.
Todas têm em semelhança o mesmo perfume, se dizemos ah a bondade esta nela, como um perfume que exala, donde vem a bondade se não da fonte?
Não é pois pela arvore que se lhe reconhece os frutos?
E se dizemos essa fruta veio de uma macieira, de uma mangueira, de uma castanheira não estamos falando de sua origem?
E se dizemos Pai! Da-me o entendimento, a sabedoria, a compreensão do amor, acaso ele como fonte, nos ofereceria facilidades, tudo pronto. O céu por graça sem que tenhamos que visitá-lo primeiro em nós?
E mergulhando no nosso próprio ser, descobrindo somos fruto de uma mesma arvore.
Não devemos nos sentir felizes? Mais irmanados, mas pacificadores, mais consoladores...
Os pássaros cantam nas manhas de primavera, porque nós, que pensamos, sentimos, criamos, deveríamos ser diferentes. Não é o fruto falando de sua arvore?
Se queres, pois encontrar Deus, olha primeiro Ele em ti mesmo.
E quanto tua consciência, criança, pura, sem preconceitos, maldade, te disser
Eu e meu Pai somos um só! Ah não mentes! Não vagueias alucinado a ponto de ser tido como louco fanático.
Pois só tu, fruto, sabes da seiva que vos alimenta.
Quando desprendido dela, será preciso que se vos lembre?
Não é tu, criatura humana, visitada pela necessidade de amar enquanto vives?
E esse amar não a seiva que alimenta a vida?
Acaso o fruto não deve servir de alimento, e se não servir para sua finalidade, de que serve se não para ser jogado e pisado pelos homens...
Pensa no quadro que vais formando, quando viajas comigo pelo lar da esperança, esta fora de ti o que viveste e sentes? Não é acaso o filme de tua vida que te encontras a visualizar nesta viagem comigo?
Tantas perguntas, sim,” não vim para trazer a paz, mas sim a espada!”
Semelhante atrai semelhante...
E a paz é presente de agora, que fazes com tua historia.
Traças teus quadros na compaixão, te elevas buscando os abrigos celestes iluminados, os mundos felizes, reunir-se com seres angélicos, ou se dobras, visita o lar aflito, o rogo desesperado dos filhos sem teto.
Para descobrires enfim, que o céu esta onde tu o levares.


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Antonio Carlos Tardivelli