A historia de Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva, mais conhecida por Lilica.
Gente de toda parte começa a ir conhecer o lar da esperança, o numero de voluntários aumenta e de igual modo a quantidade de gente precisando de ajuda, pois aquele ponto onde faltava tudo, agora tinha em grande quantidade solidariedade humana.
Diferente clima dos grandes centros urbanos onde vemos o abandono nas ruas, homens delirando nos cruzamentos como querendo pregar alguma coisa com suas falas desconexas e confusas. Ali o sofrimento era amparado com o balsamo muitas vezes curativo da bondade e solidariedade.
Quem se esforce por entender a vida, vai perceber que é uma jornada com principio em outra estação, pois nos parece a medida que vamos amadurecendo, que trazemos em nós bagagem anterior a essa vida. Um encontro casual com pessoa completamente desconhecida que nos provoca simpatia imediata e espontânea, um lugar visitado onde sem que a ele tivéssemos acesso, a impressão que temos é que já estivemos ali. Facilidades de aprendizados justos em áreas especificas e uma enorme dificuldade em outras.
Lilica era um anjo encarnado.
O tempo que esteve no lar da esperança espalhou alegrias com seu jeito gentil, sorridente, adorava contar estórias que não se sabe donde as tirava, uma imaginação fértil. Cada dor para Lilica era uma benção dizia ela, pois afinal, fora abandonada em um lixão, e por estar assim adoentada desde que nascera, encontrara muitas almas generosas que passaram a ser sua família.
Sua primeira estória, pasmem, foi contada quando tinha apenas quatro anos e o lar da esperança estava nos seus primeiros passos, as paredes estavam sendo erguidas, algumas caídas de um branco muito alvo.
A grande arvore estava ainda pequenina, nem oferecia sombra que agora oferece. De cachos dourados Lilica parecia estar sempre próxima, pois por diversas vezes ele tinha visto Maria ao seu lado, enquanto contava suas estórias aos menores.
Em meio as brincadeiras gerais, um grupo se reunia em torno dela, e ela começava a contar como se fosse um espírito já amadurecido e com um montante expressivos de estórias em sua memória.
Foi assim que ela contou.
Vinha eu por um caminho, estrada vazia e sem cor
Quando de mim se aproximou um menino e sua mãe
Com seus olhos grandes e verdes, sorriu pra mim como se me conhecesse a muito, muito tempo
Sua voz, parecia o canto dos pássaros aninhados nas arvores pela manhã quando os pequenos ansiando alimento gritam pra suas mães passarinhas.
E elas numa algazarra de ir e vir trazem aos berros pequenos bichinhos para os famintos passarinhos.
Esse menino contou-me que um dia encontrara um caído
E recolhendo com suas mãos soprou, soprou, soprou
Ate que o bichinho saiu voando! Ele ria enquanto contava! Parecia saber o que dizia e também queria que acreditássemos que tudo aquilo que a gente quisesse realizar, conseguiríamos se usássemos de amor.
E como ele sorria ao contar sua historia para Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva e sorria enquanto contava, parecia amar os passarinhos!
Foram andando os três juntos pela estrada
E o menino parecia conhecer muitas estórias
E estas todas lhe contara, ela apenas repetia, dizia enquanto sorria!
Tinha a da sua mãezinha, que certa feita:
Era dia, calor muito grande, ele fora ao riacho colher com pequeno dedal de costura.
Água pra trazer para um pequeno buraquinho que fizera
E ficara assim o dia todo sem cansar indo e vindo
Ah meu filho dissera sua mãe, que fazes?
Queres acaso transportar todo riacho para o buraquinho que fizeste?
Ah querida não! Responde sorridente
Se o quisesse, isso faria, mas não!
Quero mostrar a quem me veja Que nossa vida é uma jornada e haverá quem um dia me entenda.
Cada movimento é um efeito do ser que pensa e o que pensa é aquele que brinca com seu presente
Se deixar que a criança dentro morra. Não vai mais brincar, vai querer mudar as coisas naturais.
Tipo, trazer o rio para um buraquinho.
Entanto, por ser criança, às vezes, pode querer o que parece impossível.
E nesta jornada de ir e vir aprende com a vida
Que cada momento é único, e que tudo que fazemos alguma coisa em nós transforma.
SE em algum lugar não chove, se alguém levar gota a gota
A água do riacho e da mãe terra, nasce uma plantinha que precisa de cuidados.
Nela vem se aninhar os pássaros, eles comem sementes.
E algumas caem no chão, onde as gotas são colocadas.
Assim é o homem endurecido pelas escolhas que faz
Prefere muitas vezes abandonar a criança dentro de si
E ganhar o mundo todo, passa vida, indo e vindo com a água do riacho em seu dedal.
Tentando encher um buraquinho, e vivendo todo tempo muito aflito!
Tentando, tentando. E quando chega na velhice pobre arvore ressecada
Não tem nada, nem jardim cheio de flores a sua volta
Nem a gramínea macia como um tapete forrando o chão
Nem os passarinhos se aninham em seus galhos
Pois eles estão esturricados de tão secos e finos.
Fica só por um bom tempo, ate que o próprio tempo que transforma toda historia.
Traga o vento que sopra, e como em pó se torna, é levado para bem longe e dele ninguém mais se lembra, nem da sua historia. É muito triste deixar a criança desaparecer.
Ao contraio daquele que não deixa em si morrer E trata com amor cada dia como fosse presente
Molha a terra, da carinho, oferece sombra amiga como abrigo.
Nos seus galhos os passarinhos encontram sementes saborosas
Do conhecimento que transforma, da bondade que assiste, do carinho que transporta amor pra fora de si.
Os homens se abrigam em sua sombra enquanto as gramíneas como eu, oferecem o que podem, contam estórias!
Se lhes servem é como leito macio, macio. Carinho da minha alma pequenina
Vejam quanta semelhança ao lar que nos abriga.
Alguém viu um campo ressecado, triste, pegou o dedal de sua mãe.
E veio trazendo gota a gota um pouquinho de esperança. Era uma criança que sonhava com um jardim, e trabalhava pouco a pouco coma água do riacho¹
Claro que muita gente passou por aquele campo ressecado, e via o riacho, e diziam para si, ah é um campo muito seco com um riacho...
Ate que muitas crianças, se lembrando que são anjos. Somaram-se!
Vivem hoje mais felizes, a sua sombra aconchegante.
Suas historias antes tristes, agora são contos iguais aos do menino.
Afinal água pura em pedra dura tanto bate ate que fura!
Quanta alegria nos traz esse lar agora.
Mas e o menino quem era pergunta dois olhinhos saltados na direção de Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva , mais conhecida por Lilica .
Não sei responde ela triste, esqueci de perguntar, eram tão bonitas as suas historias que eu ficava a escuta-las .
E ao pensar em perguntar seu nome, parece que ele e sua mãe se desvaneceram , sumiram como fosse milagre.
Eu o chamo de Menino luz, já que não sei seu nome verdadeiro. Um dia talvez o reencontre, ai a primeira coisa que vou fazer vai ser perguntar seu nome, disse ela rindo , rindo , rindo! Enquanto terminava sua primeira estória.
Depois deste dia não podiam ver lilica que se reuniam para mais uma estória.
Mas será que eram estórias ou historias, pareciam tão reais! (estória algo inventado, imaginado; historia algo que aconteceu)
Tinha dias que alegria de Lilica desaparecia, parecia que o céu perdia a cor sem seu riso farto, suas estórias lindas. Era quando tomava uma dose muito grande de remédios e isso a deixava muito mal, tinha também câncer, quimioterapia uma vez todo mês.
Por três longos dias, não se ouvia as estórias de Lilica, mas quando ia visita-la, la estava cachos dourados perto dela, como conseguia visitar tantos lugares, estreitar em seus meigos braços tantos corações?
Parecia que cachos dourados (Maria) amava toda gente que sofria, e com seus olhos que viam fundo e falavam muito, pareciam dizer que , entendia porque sofriam, mas porque amava sempre estava por perto.
Certo dia cometera uma invasão, sem querer, Lilica tinha um pequeno oratório com uma imagem bem surrada, que ela dizia tinha achado nos tempos do lixão, no mesmo local onde fora abandonada. Era uma daquelas imagens devocionais que o povo das grandes igrejas tinham aos montes, tinha entrado certa feita em uma delas e vira o nome de Maria mais abaixo.
Gostava dela, e a chamava de Mãezinha, já que não tinha uma na terra.
Ela orava com fervor, seu coração se abria e o quarto coletivo onde ela dormia se enchera de um cheiro indescritível, eram rosas, jasmins, perfumes delicados que vinham não se sabe donde! Bem que procurara a fonte, mas so ouvia a prece de Lilica enquanto a emoção o tomava por inteiro.
Mãezinha dizia ela, hoje não consegui contar historia, tudo doía. Mas te peço pelos meus amiguinhos.
Eles gostam de ouvi-las, parece que estou ouvindo enquanto conto, mãezinha será tu que me passas ao ouvido?
Queria te pedir por esse lar que agora chego, por esses olhos abençoados que percebem cada presente, e o recebem como dádiva celeste.
SE te toca o coração a prece de Lilica ela é sua, não do escrito, e descobres mais um pouco onde a esperança se abriga, se esta escondida põe pra fora, nada custa distribuí-la
ela ate aumenta quando se a oferece!
E lilica ainda dizia:
Poe em minha boca aquilo que não possa, me inspira quando alguém me perguntar onde mora a esperança? Permita-me enquanto criança jamais perde-la e se amadurecer e endurecer meu coração, me deixa encontrar em toda minha jornada, lembranças que me façam voltar e reencontrar a criança que perdi.
Protege a casa que me abriga, os amigos devotados minha leal família.
A cozinheira dos quitutes escondidos que me da, o seu lauro da vendinha, me da balas ah tão doces! Dona rose do auditório quanta bondade me ensina coisas boas, diz de um céu que não conheço na terra, se não for o lar da esperança, não sei onde possa estar.
Ouve meu pedido mãezinha, e trate com carinho todos quando eu me for, afinal essa dor as vezes aumenta tanto, que não agüento e choro escondido pra ninguém ver.
Afinal dar tristeza e dor não quero, quero contar historias belas, ter em mim a esperança como porta de luz, se ser um dia, no céu que dona Rose diz que existe, apenas uma criança feliz.
Diz para quem anda pela estrada, e as vezes só vê a poeira e campo ressecado parece ouvir dentro de si lilica, que a cor da estrada que é só nossa é a gente que faz. Quanto mais cegos mais poeira, calor, secura. Quanto mais enchergamos vemos pequenas plantas crescendo, pequenos pássaros colhendo aqui e ali sementes trazidas pelo vento, o sol já não escalda tanto é quente sim mas é lindo la em cima no azul do céu.
A estrada é a mesma, so a forma de vê-la que esta diferenciada.
Uns a vêem com algo sem vida, outros a vêem como um campo a se tornar verdejante.
Os últimos são esperança, os primeiros desistentes na vida.
Tem muito mais das historias de Lilica:
Tem a do Pai João e seu filho Antonio, que plantava arroz e feijão
De dona benta da venda, que dava bala as escondidas para as crianças pobres.
Da arvore bendita, perto do riacho, que alimentava os peixes quando as sementes dos galhos sobre os rios caiam, e também o pequeno urso pardo que na época dos frutos ia todo ano se alimentar dela, e ele e os peixes faziam a festa.
Afinal a cada ano ele mais crescia e quanto mais grande mais balançava a arvore que crescia e mais sementes caiam no rio, era uma festa!
Tem a do Senhor da terra que fez o sol a chuva o vento
E disse ao homem fique debaixo do firmamento e não descuide dos presentes que te dou, mas pobre homem, as vezes se mistura em sua mente tantos enganos, desvios que provocam dores, desmata a terra, polui os rios, derrama no ar fumaça , fuligem, sujeira e não cuida do chão que pisa.
Mesmo assim o Senhor da Terra, continua insistente, a dar presentes todo santo dia.
No horizonte um sol majestoso dourando as nuvens, a chuva generosa fecundando a terra, tudo brota nela.
Tem a do menino contador de historias, que fez o pássaro voar com um sopro.
E muitas outras que não cabem neste conto.
Mas vou passar para o que parece ser o fim da historia de Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva mais conhecida por Lilica.
Certo dia seu riso sumiu, ninguém mais dela ouviu falar, so dona Benta que levava ela para a quimio soubera do acontecido e o homem que via Cachos dourados.
Ela estava tomando seu remédio do mês, quando silenciara para sempre, e dona benta que via coisas estranhas, percebera cachos dourados recebendo outra Lilica linda cheia de luz, reluzente, que saia do corpo doente e era abraçada por cachos dourados e como sorria a menina naqueles braços.
Ate olhara pra dona benta e para o homem que construíra o lar da esperança enquanto sorria e chorava de felicidade
Parecia que Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva tinha encontrado sua mãe de tão feliz que estava!
Afinal mãe, é quem acompanha desde os primeiros passos, que ampara, educa, é companheira de cada ato, de cada historia que a gente conta.
E mesmo de outra esfera não esquece dos seus filhos.
Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva sorria , sorria muito e chorava, chorava nos braços da sua mãe, pois ela tomara o rosto da imagem do oratório, parecia mágica celeste.
Quem pensa que termina a historia de Lilica, ou Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva, se engana, ela vive, em cada coração que lhe ouviu as historias....
E o seu já ouviu alguma? Pode ser viu, afinal ela pode inspirar poetas, contadores de historias e como tem muita humildade não se identifica diz apenas vale o conto, se sirva como água que a sede sacia
E o conto do lar da esperança não termina por aqui, e que cachos dourados me inspire a contar mais e mais, onde mora a esperança hoje, agora...
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Antonio Carlos Tardivelli