sábado, 23 de maio de 2009

Lar da esperança parte cinco.




O reencontro no céu


Ah o céu, onde fica? Será distante, perto, que eu faço para entrar, vou poder levar José Augusto meu irmão, pensativo ficava num canto do auditório João Antunes irmão mais velho de José Augusto.

Sua emoção era transbordante nas primeiras horas do dia, sorrindo abraçava seu irmão e o convidava pra brincadeiras no pátio do lar da esperança, eram órfãos e a vida não lhes oferecera facilidades, João o mais velho ainda se lembrava da mãezinha magra que ia toda quinta feira no final da feira recolher os legumes recusados .

Era disso também que se alimentavam. Vezes só do legume recolhido. Se bem que João não via rudeza na vida, a sopa que mamãe fazia era tão saborosa! Tinha mandioquinha que adorava de caldo grosso pela batatinha que ela cozinhava ate desfazer em separado depois acrescentava ao final ao caldeirão.

Dava ate água na boca quando se lembrava, se bem que no lar, tudo era muito saboroso.

Até que um dia não a tiveram mais, nem a sopa, nem a mãezinha que tanto amava. Fora-se em silencio numa noite fria, a mesma quando por razão desconhecida aparecera um homem a porta, dizendo-se voluntário do lar que agora o abrigava e a seu irmão José Augusto.

Leva a santinha que sua mãe lhe dera um quadrinho pequenino que ganhara ainda criança bem surrada, amarelada pelo tempo, e dizia ela, ser a mãe de todas as crianças da terra. Fosse o que fosse que passassem seus filhos, ela estaria sempre por perto, dando força e coragem necessária para entender que temos o necessário, e quando a dor nos visitasse, ela por certo tocaria algum coração, que de pronto atenderia a necessidades urgentes.

Seja de pão ou do melhor alimento de todos, aquele que aquece o espírito, não o deixa desistir, faz dele um guerreiro, o amor, o amor.

Seu questionamento era tão profundo que as vezes José Augusto seu irmão reclamava do silencio, parecia estar em outro mundo, conversando com alguém! Nessas horas quem pudesse ter olhos de ver veria Maria como que sussurrando esperança aos ouvidos do menino.

Era assim que ele considerava o céu. Se Deus esta em toda parte, e como conta dona Luiza da escola, o universo é infinito, então estamos num pedaço dele, ora se estou no céu o que faço nele?

Porque será que uns nascem sabendo que vão morrer logo, logo, como ele apesar dos remédios que tomava sabia, que ia, e o que ia ser de seu irmão José Augusto! Às vezes chorava baixinho ate que Jose perguntava que foi mano, ta derretendo? Ta saindo água dos seus olhos de novo!

Dizia desta forma porque dissera um dia que não chorava, sentia calor nos olhos e eles suavam!

Coisa de criança para não contar da dor que sentia, e sabia que não poderia ficar, portanto todo dia bem cedinho, acordava seu irmão e o levava para brincar no pátio, ate que se fosse isso faria com alegria.

Numa destas manhas um pouco mais frias, seu irmão acordara febril, dona a voluntária das terças feiras encontrara ele todo suado, branco feito leite na cama e tremia! Não levara mais que um dia e seu companheiro de todas as manhas fora levado e não voltara mais.

Na solidão daquelas manhas frias, ele, que sentia que iria primeiro perdera seu bem precioso, aquele rostinho meigo e sorridente de José Augusto seu irmão mais novo.
Tinha recebido palavras amorosas que queriam conforta-lo, diziam a João: Ele agora ta no céu, num lugar feliz!

Ah pensava todo confuso, mas o céu é aqui! É aqui! Queria a alegria do meu irmãozinho ao meu lado, mas se foi e meu pedaço de céu agora ficou vazio, mas como não era desistente, tinha ali tanta gente carente de alegria, não desistia das brincadeiras.

Vi no rosto de outros pequenos, seu irmão José Augusto, e no das tias da cozinha, sua mãe não a do céu que trazia no bolso perto do coração, mas a da terra, que tão cedo se fora...

Sua historia foi bem longa, vivera ali dezenove primaveras. Tinha no seu trajeto e projeto de vida alcançar o céu e poder estar de novo com seu irmão José Augusto e sua mãe que fazia uma sopa deliciosa.

Mas enquanto isso buscava sentia que devia fazer algo, por aqueles que junto com ele dividiam o mesmo quarto.

Tinha o Roque de uma perna, coitadinho queria jogar bola com sua muleta e não podia, então João ficava horas brincando com ele de acertar o balde de dona Maria. Sabe o que aconteceu a Roque? Aos dezesseis anos nos seus um metro e oitenta de altura fora convidado para participar da Olimpíada!

Numa seleção de deficientes físicos que jogavam basquete¹

Tinha o João como ele, só que João Alberto, que era esperto como ninguém mas tinha paralisia, inteligente, mas arredio, não gostava de brincar com ninguém, vivia pelos cantos no seu desencanto, ate que ele numa daquelas manhas quando lembrava de seu irmão que tinha indo pro céu, e chorava, chamara sua atenção..

Porque esta chorando? Ah naquele dia desabara, chorara tanto no ombro amigo que se oferecera, e a partir dali em conversas em brincadeiras encontrara no seu amigo também João algo extraordinário, era um pensador nato!

Dissera olha, você vai ser um grande escritor!
Não é que João Augusto estava certo!
João Alberto seu amigo, tinha escrito um poema delicado como um perfume suave, que tocava a quem lia como brisa perfumada.

Fora lido pelo homem que chegara a porta no dia que mamãe se fora, e este, por sua vez mostrara a um outro que um livro dos poemas fez!

Foi uma festa quando esse soube! Sorria e cantava e abraçara-se a João Antunes, viu só meu amigo você estava certo! E não parara mais de escrever a partir daquele dia.

As vezes ate ficava a rir sozinho, quando no jardim com folha branca parecia pintar quadros com as palavras que escrevia.

Tinha tanta gente na historia de João Antunes, que se fosse somada a quantidade daria dois lares de esperança.

Certo dia, entretanto, também silenciara. Via coisas estranhas sem entender o que acontecia.

Todo mundo correndo aflito, e gritando o seu nome! Doutor! Doutor! Gritavam o João! O João!

A principio pensara que falavam de outro João, depois de algum tempo percebera que era dele que falavam.
Vira a primeira coisa estranha, a si mesmo, branco feito cera da vela do oratório, recostado na grande arvore, onde se encontrava a ouvir as estórias de Lilica!
Vixe agora que tinha de vez pirado! Diziam que estava morto! Ele gritava não!, não! To aqui bem vivo!

Mas ninguém parecia dar-lhe ouvido. Ate que...

Perto da arvore que estava toda florida, de um rosa lindo e forrava o chão as flores caídas, aparece nada menos que uma moça muito linda, que sorria para ele e ele não conseguia lembrar de onde a conhecia!

Ela parecia saber quem ele era! Era a única que lhe ouvia! Ninguém mais, ninguém mais!

Que coisa estranha mas ao mesmo tempo era tudo mais bonito!
Parecia ate sair luz dos seus braços antes cansados, quando se sentara recostado ao ipê!
Vai ao bolso apressado, lá a vira! E quando tira a figura antiga em luz ela se desvanece e a figura celeste diante de si era Maria!

Mãe ele grita feliz!

Ela meiga, diz, tem gente a sua espera vem comigo!
Num instante some o ipê, a gritaria e um silencio musicado por sons de pássaros tomava todo tempo.
Entrara num recinto iluminado, e levara um susto danado.
Seu irmão João Antunes viera correndo para um abraço e a sua mãe. Mas eles tinham morrido, seria real?

Perguntava-se. Estaria ele no céu?

Ah mas quando mais gente encontrava mas essa certeza firmava-se.
Ali era o céu.

Ate ouvir Maria, voz doce, terna como nunca ouvira!
Ela dissera onde estavas João Antunes também era o céu!

O céu é onde estou, porque Deus esta em tudo! Em nós também!

Isso é conto doutro mundo para quem busque o céu neste onde da ate pra ler historia, ou será estória?

Tanta imagem vem na mente, de que lê e quem escreve, podem dizer de coisas belas
Outras tantas onde soltamos a fera interior, depois nos arrependemos. Sentimos dor.

Ao chegar ao céu entanto, vai notar que nele sempre esteve porque é dentro que sente e não fora num lugar.

A esperança é uma porta, mas não para a gente entrar mas para ser.

Quem é esperança o céu sempre leva para oferecer!
È aqui que ele esta, venha visitar o céu que existe, na alegria de um olhar!

No riso farto, no cheiro de mato, na historia de Lilica, no conto de João Antunes, e seu irmão Jose Augusto, do amigo que virou campeão de basquete na olimpíada, do escritor que pinta quadros lindos com as palavras!

No sorriso de Maria Ah Maria, de tão doce e terna que alegria, que alegria...

João Antunes encontrou o céu que buscava e você que leu ate aqui, viveu um pedaço da historia do lar da esperança, sabe onde ela se abriga?

Não o céu! Não ele já sabes, a esperança! Onde ela se encontra!
No lar que leva o nome! Lar da esperança Ah não!

Não é um lugar físico embora tenha corpo.

Ah mas que corpo é esse de João Antunes que parece brilhar de tanta luz!

Segundo Paulo, no novo testamento, evangelho cristão.

Somos todos feitos, corpo material e corpo espiritual...

Ora se estiver no corpo material ligado ao meu espiritual o céu é onde me encontro
A esperança é aquilo que eu posso ser e ter para dar por amar.


Mas ainda não termina nossa historia do lar da esperança, apenas a de João Antunes que passou pela terra, plantou o que podia, colheu o que necessitava

Agora esta no céu com seu então mais novo, suas duas mães uma delas Maria, ou aquela chamada pelo homem que a via, Cachos dourados....

Descobriu onde fica o céu?

Não é o lugar, é estar! Concluiu João Antunes...

domingo, 17 de maio de 2009

Lar da esperança parte quatro



A historia de Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva, mais conhecida por Lilica.

Gente de toda parte começa a ir conhecer o lar da esperança, o numero de voluntários aumenta e de igual modo a quantidade de gente precisando de ajuda, pois aquele ponto onde faltava tudo, agora tinha em grande quantidade solidariedade humana.
Diferente clima dos grandes centros urbanos onde vemos o abandono nas ruas, homens delirando nos cruzamentos como querendo pregar alguma coisa com suas falas desconexas e confusas. Ali o sofrimento era amparado com o balsamo muitas vezes curativo da bondade e solidariedade.

Quem se esforce por entender a vida, vai perceber que é uma jornada com principio em outra estação, pois nos parece a medida que vamos amadurecendo, que trazemos em nós bagagem anterior a essa vida. Um encontro casual com pessoa completamente desconhecida que nos provoca simpatia imediata e espontânea, um lugar visitado onde sem que a ele tivéssemos acesso, a impressão que temos é que já estivemos ali. Facilidades de aprendizados justos em áreas especificas e uma enorme dificuldade em outras.

Lilica era um anjo encarnado.

O tempo que esteve no lar da esperança espalhou alegrias com seu jeito gentil, sorridente, adorava contar estórias que não se sabe donde as tirava, uma imaginação fértil. Cada dor para Lilica era uma benção dizia ela, pois afinal, fora abandonada em um lixão, e por estar assim adoentada desde que nascera, encontrara muitas almas generosas que passaram a ser sua família.

Sua primeira estória, pasmem, foi contada quando tinha apenas quatro anos e o lar da esperança estava nos seus primeiros passos, as paredes estavam sendo erguidas, algumas caídas de um branco muito alvo.

A grande arvore estava ainda pequenina, nem oferecia sombra que agora oferece. De cachos dourados Lilica parecia estar sempre próxima, pois por diversas vezes ele tinha visto Maria ao seu lado, enquanto contava suas estórias aos menores.

Em meio as brincadeiras gerais, um grupo se reunia em torno dela, e ela começava a contar como se fosse um espírito já amadurecido e com um montante expressivos de estórias em sua memória.

Foi assim que ela contou.

Vinha eu por um caminho, estrada vazia e sem cor
Quando de mim se aproximou um menino e sua mãe

Com seus olhos grandes e verdes, sorriu pra mim como se me conhecesse a muito, muito tempo
Sua voz, parecia o canto dos pássaros aninhados nas arvores pela manhã quando os pequenos ansiando alimento gritam pra suas mães passarinhas.
E elas numa algazarra de ir e vir trazem aos berros pequenos bichinhos para os famintos passarinhos.

Esse menino contou-me que um dia encontrara um caído
E recolhendo com suas mãos soprou, soprou, soprou
Ate que o bichinho saiu voando! Ele ria enquanto contava! Parecia saber o que dizia e também queria que acreditássemos que tudo aquilo que a gente quisesse realizar, conseguiríamos se usássemos de amor.

E como ele sorria ao contar sua historia para Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva e sorria enquanto contava, parecia amar os passarinhos!

Foram andando os três juntos pela estrada
E o menino parecia conhecer muitas estórias
E estas todas lhe contara, ela apenas repetia, dizia enquanto sorria!
Tinha a da sua mãezinha, que certa feita:

Era dia, calor muito grande, ele fora ao riacho colher com pequeno dedal de costura.
Água pra trazer para um pequeno buraquinho que fizera
E ficara assim o dia todo sem cansar indo e vindo

Ah meu filho dissera sua mãe, que fazes?
Queres acaso transportar todo riacho para o buraquinho que fizeste?

Ah querida não! Responde sorridente
Se o quisesse, isso faria, mas não!

Quero mostrar a quem me veja Que nossa vida é uma jornada e haverá quem um dia me entenda.
Cada movimento é um efeito do ser que pensa e o que pensa é aquele que brinca com seu presente

Se deixar que a criança dentro morra. Não vai mais brincar, vai querer mudar as coisas naturais.

Tipo, trazer o rio para um buraquinho.

Entanto, por ser criança, às vezes, pode querer o que parece impossível.
E nesta jornada de ir e vir aprende com a vida
Que cada momento é único, e que tudo que fazemos alguma coisa em nós transforma.

SE em algum lugar não chove, se alguém levar gota a gota
A água do riacho e da mãe terra, nasce uma plantinha que precisa de cuidados.

Nela vem se aninhar os pássaros, eles comem sementes.
E algumas caem no chão, onde as gotas são colocadas.

Assim é o homem endurecido pelas escolhas que faz
Prefere muitas vezes abandonar a criança dentro de si
E ganhar o mundo todo, passa vida, indo e vindo com a água do riacho em seu dedal.
Tentando encher um buraquinho, e vivendo todo tempo muito aflito!

Tentando, tentando. E quando chega na velhice pobre arvore ressecada
Não tem nada, nem jardim cheio de flores a sua volta
Nem a gramínea macia como um tapete forrando o chão

Nem os passarinhos se aninham em seus galhos
Pois eles estão esturricados de tão secos e finos.
Fica só por um bom tempo, ate que o próprio tempo que transforma toda historia.
Traga o vento que sopra, e como em pó se torna, é levado para bem longe e dele ninguém mais se lembra, nem da sua historia. É muito triste deixar a criança desaparecer.

Ao contraio daquele que não deixa em si morrer E trata com amor cada dia como fosse presente
Molha a terra, da carinho, oferece sombra amiga como abrigo.

Nos seus galhos os passarinhos encontram sementes saborosas
Do conhecimento que transforma, da bondade que assiste, do carinho que transporta amor pra fora de si.

Os homens se abrigam em sua sombra enquanto as gramíneas como eu, oferecem o que podem, contam estórias!
Se lhes servem é como leito macio, macio. Carinho da minha alma pequenina

Vejam quanta semelhança ao lar que nos abriga.
Alguém viu um campo ressecado, triste, pegou o dedal de sua mãe.
E veio trazendo gota a gota um pouquinho de esperança. Era uma criança que sonhava com um jardim, e trabalhava pouco a pouco coma água do riacho¹

Claro que muita gente passou por aquele campo ressecado, e via o riacho, e diziam para si, ah é um campo muito seco com um riacho...

Ate que muitas crianças, se lembrando que são anjos. Somaram-se!
Vivem hoje mais felizes, a sua sombra aconchegante.

Suas historias antes tristes, agora são contos iguais aos do menino.
Afinal água pura em pedra dura tanto bate ate que fura!

Quanta alegria nos traz esse lar agora.

Mas e o menino quem era pergunta dois olhinhos saltados na direção de Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva , mais conhecida por Lilica .

Não sei responde ela triste, esqueci de perguntar, eram tão bonitas as suas historias que eu ficava a escuta-las .

E ao pensar em perguntar seu nome, parece que ele e sua mãe se desvaneceram , sumiram como fosse milagre.

Eu o chamo de Menino luz, já que não sei seu nome verdadeiro. Um dia talvez o reencontre, ai a primeira coisa que vou fazer vai ser perguntar seu nome, disse ela rindo , rindo , rindo! Enquanto terminava sua primeira estória.

Depois deste dia não podiam ver lilica que se reuniam para mais uma estória.
Mas será que eram estórias ou historias, pareciam tão reais! (estória algo inventado, imaginado; historia algo que aconteceu)

Tinha dias que alegria de Lilica desaparecia, parecia que o céu perdia a cor sem seu riso farto, suas estórias lindas. Era quando tomava uma dose muito grande de remédios e isso a deixava muito mal, tinha também câncer, quimioterapia uma vez todo mês.

Por três longos dias, não se ouvia as estórias de Lilica, mas quando ia visita-la, la estava cachos dourados perto dela, como conseguia visitar tantos lugares, estreitar em seus meigos braços tantos corações?

Parecia que cachos dourados (Maria) amava toda gente que sofria, e com seus olhos que viam fundo e falavam muito, pareciam dizer que , entendia porque sofriam, mas porque amava sempre estava por perto.

Certo dia cometera uma invasão, sem querer, Lilica tinha um pequeno oratório com uma imagem bem surrada, que ela dizia tinha achado nos tempos do lixão, no mesmo local onde fora abandonada. Era uma daquelas imagens devocionais que o povo das grandes igrejas tinham aos montes, tinha entrado certa feita em uma delas e vira o nome de Maria mais abaixo.

Gostava dela, e a chamava de Mãezinha, já que não tinha uma na terra.

Ela orava com fervor, seu coração se abria e o quarto coletivo onde ela dormia se enchera de um cheiro indescritível, eram rosas, jasmins, perfumes delicados que vinham não se sabe donde! Bem que procurara a fonte, mas so ouvia a prece de Lilica enquanto a emoção o tomava por inteiro.

Mãezinha dizia ela, hoje não consegui contar historia, tudo doía. Mas te peço pelos meus amiguinhos.
Eles gostam de ouvi-las, parece que estou ouvindo enquanto conto, mãezinha será tu que me passas ao ouvido?
Queria te pedir por esse lar que agora chego, por esses olhos abençoados que percebem cada presente, e o recebem como dádiva celeste.
SE te toca o coração a prece de Lilica ela é sua, não do escrito, e descobres mais um pouco onde a esperança se abriga, se esta escondida põe pra fora, nada custa distribuí-la
ela ate aumenta quando se a oferece!
E lilica ainda dizia:
Poe em minha boca aquilo que não possa, me inspira quando alguém me perguntar onde mora a esperança? Permita-me enquanto criança jamais perde-la e se amadurecer e endurecer meu coração, me deixa encontrar em toda minha jornada, lembranças que me façam voltar e reencontrar a criança que perdi.

Protege a casa que me abriga, os amigos devotados minha leal família.
A cozinheira dos quitutes escondidos que me da, o seu lauro da vendinha, me da balas ah tão doces! Dona rose do auditório quanta bondade me ensina coisas boas, diz de um céu que não conheço na terra, se não for o lar da esperança, não sei onde possa estar.

Ouve meu pedido mãezinha, e trate com carinho todos quando eu me for, afinal essa dor as vezes aumenta tanto, que não agüento e choro escondido pra ninguém ver.

Afinal dar tristeza e dor não quero, quero contar historias belas, ter em mim a esperança como porta de luz, se ser um dia, no céu que dona Rose diz que existe, apenas uma criança feliz.

Diz para quem anda pela estrada, e as vezes só vê a poeira e campo ressecado parece ouvir dentro de si lilica, que a cor da estrada que é só nossa é a gente que faz. Quanto mais cegos mais poeira, calor, secura. Quanto mais enchergamos vemos pequenas plantas crescendo, pequenos pássaros colhendo aqui e ali sementes trazidas pelo vento, o sol já não escalda tanto é quente sim mas é lindo la em cima no azul do céu.

A estrada é a mesma, so a forma de vê-la que esta diferenciada.

Uns a vêem com algo sem vida, outros a vêem como um campo a se tornar verdejante.
Os últimos são esperança, os primeiros desistentes na vida.

Tem muito mais das historias de Lilica:
Tem a do Pai João e seu filho Antonio, que plantava arroz e feijão
De dona benta da venda, que dava bala as escondidas para as crianças pobres.
Da arvore bendita, perto do riacho, que alimentava os peixes quando as sementes dos galhos sobre os rios caiam, e também o pequeno urso pardo que na época dos frutos ia todo ano se alimentar dela, e ele e os peixes faziam a festa.
Afinal a cada ano ele mais crescia e quanto mais grande mais balançava a arvore que crescia e mais sementes caiam no rio, era uma festa!
Tem a do Senhor da terra que fez o sol a chuva o vento
E disse ao homem fique debaixo do firmamento e não descuide dos presentes que te dou, mas pobre homem, as vezes se mistura em sua mente tantos enganos, desvios que provocam dores, desmata a terra, polui os rios, derrama no ar fumaça , fuligem, sujeira e não cuida do chão que pisa.
Mesmo assim o Senhor da Terra, continua insistente, a dar presentes todo santo dia.
No horizonte um sol majestoso dourando as nuvens, a chuva generosa fecundando a terra, tudo brota nela.
Tem a do menino contador de historias, que fez o pássaro voar com um sopro.
E muitas outras que não cabem neste conto.

Mas vou passar para o que parece ser o fim da historia de Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva mais conhecida por Lilica.

Certo dia seu riso sumiu, ninguém mais dela ouviu falar, so dona Benta que levava ela para a quimio soubera do acontecido e o homem que via Cachos dourados.

Ela estava tomando seu remédio do mês, quando silenciara para sempre, e dona benta que via coisas estranhas, percebera cachos dourados recebendo outra Lilica linda cheia de luz, reluzente, que saia do corpo doente e era abraçada por cachos dourados e como sorria a menina naqueles braços.
Ate olhara pra dona benta e para o homem que construíra o lar da esperança enquanto sorria e chorava de felicidade
Parecia que Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva tinha encontrado sua mãe de tão feliz que estava!
Afinal mãe, é quem acompanha desde os primeiros passos, que ampara, educa, é companheira de cada ato, de cada historia que a gente conta.
E mesmo de outra esfera não esquece dos seus filhos.

Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva sorria , sorria muito e chorava, chorava nos braços da sua mãe, pois ela tomara o rosto da imagem do oratório, parecia mágica celeste.

Quem pensa que termina a historia de Lilica, ou Lídia Monte Cristo de Oliveira Andrade e Silva, se engana, ela vive, em cada coração que lhe ouviu as historias....

E o seu já ouviu alguma? Pode ser viu, afinal ela pode inspirar poetas, contadores de historias e como tem muita humildade não se identifica diz apenas vale o conto, se sirva como água que a sede sacia

E o conto do lar da esperança não termina por aqui, e que cachos dourados me inspire a contar mais e mais, onde mora a esperança hoje, agora...

domingo, 3 de maio de 2009

O lar da esperança parte três.




O consolador.

Nos dias que foram se seguindo, a montagem do quadro que tantas emoções despertaram em seu coração foi se formando algo maior, mais abrangente. Que trouxesse aos lares mais desditosos algo que amenizasse o sofrimento.

Foi a partir uma pergunta de Melquisedec,um rapaz franzino, que começa a tomar forma em sua mente com base em tantos fatos vivenciados por ele nos últimos tempos.

A pergunta foi relativa a uma crença comum daquelas pessoas, que tinham como apoio o novo testamento cristão. Nele o enviado dizia que “irei para o pai mas não vos deixarei órfãos, rogarei a ele e ele vos dara outro consolador, o espírito da verdade, para que esteja para sempre convosco”

E o jovem pergunta, quem é consolador, quando virá?
Não era religioso, portanto via as coisas de um prisma diferente, sentia que todos poderiam realizar alguma coisa que beneficiasse seu semelhante, era a isso que se dedicava diuturnamente.
Não teve resposta no momento para o jovem Melquisedec, mas promete refletir sobre o assunto e lhe oferecer após o fruto de suas reflexões.

Foi uma sucessão de fatos que o envolveram dali para frente, dada a sua sinceridade em buscar a verdade pura e simples, sem fantasias, apenas por entender que esse simbolismo poderia ter algo a ver com as atitudes e manifestações do ser humano dentro da sua rotina de convivência.

Afinal era um espírito segundo o texto original, e como tal, qual seria o nível de percepção necessária para poder estar sob influencia de tal personalidade? Certo que algumas crenças se dizem portadoras deste espírito de verdade, ou ate elas próprias como finalização de um processo de elucidação e esclarecimentos junto a humanidade.

Por certo, que estaria entre todos os que buscassem a verdade, então porque não com ele que já a algum tempo tinha vistas de outra dimensão existencial na figura angelical de cachos dourados (MARIA).

De todos os dias mais difíceis naquela comunidade, tirara lição que guardaria com carinho. Algumas vezes entendia o que se passava nos lares mais humildes que visitava, afinal a companhia da angustia fomentava nos corações revolta muitas vezes, entretanto em lares abaixo da linha da pobreza, encontrava muitas vezes anjos devotados, com poucos recursos conseguiam conduzir de forma a atravessar os momentos mais dolorosos com visível manifestação de coragem.

Ali no lar da esperança era conduzido a pensar em coisas que jamais imaginara considerar, como se algo ou alguém, quisesse fazer brotar do lamaçal de sofrimentos e dificuldades uma luz e para isso ele se sentia um instrumento útil, pois conduzia suas ações todas nesta direção.

A cada dia um novo desafio, e como responder a Melquisedec? Em que direção refletir, para oferecer algo que pudesse responder a essa questão ?

Foi assim, que adormeceu em rede estendida no corredor externo do lar da esperança e adormecera...

Que sonho tivera naquele dia! Estava novamente na mesma estrada que percorria quando encontrara aquele local de sofrimentos. E o que via era algo assombroso.

Uma enorme luz de tom azulado, como uma bolha enorme, ocupava toda área onde se encontravam aqueles assistidos pelo lar da esperança , a vista era chocante, uma multidão de desfalecidos, estropiados, doentes, ficavam em volta desta grande luz como que recolhendo esperança, que era visível em suas faces sofridas.

Era como se mergulhados na dor visualizassem uma saída e isso reascendia em cada um,brilho diferente no olhar. Acorda de sobressalto, pois o jovem Melquisedec esta a sua frente como que se velando por seus sonhos. E por seu olhar penetrante parecia que participara deles de alguma forma.

Pergunta ao jovem que o observava, a quanto tempo estou aqui meu amigo? Horas diz o jovem, veja o sol já esta se pondo no horizonte e a terra já anunciam com seu frescor e cheiros característicos que vem a noite.

Vão juntos a partir daquela pergunta encontrar a resposta que a vida oferece.
Não á a verdade que liberta? Se encontrada na sua forma mais pura não vai norteando ações futuras?

Ate um jovem Galileu de nome JEOSHUA, quando indagado por seu carrasco silenciara, e esse silencio despertou em todos os que lhe tiveram contato com a historia, a indagação, onde esta essa verdade libertadora?

As vezes o silencio fala mais que mil palavras, e nele muitas vezes encontramos a nos mesmos, em nossa essência somos puros como a veste mais branca, que brilha ao menor toque de luminosidade. O que nos torna então, como seres de origem divina, merecedores de situações tão difíceis, complicadas? Crianças nascidas em condições de extrema pobreza, quando outras dispõe de jardins perfumados, paredes alvas em seus quartos onde o aconchego traz prazer jamais dor.

Somente a verdade pode libertar destes grilhões, mas grande questão para que a esperança tome corpo e forma, o que é a verdade? Essa busca iria fazer dele alguém que traz a vida, a água viva, e quem toma desta água jamais terá sede novamente.

Saindo do grande corredor onde estavam dispostas em filas redes trazidas por ele do norte do pais, de varias cores e que nas tardes quentes, a sombra do ipê e das mangueiras que ofereciam aconchego, todos se acomodavam e repousavam trazendo conversações interessantes, pois afinal encontravam naquele lugar um oásis de frescor em meio a tantas lutas .
Entrava-se em uma grande sala de conferencias onde diversas atividades eram realizadas, festas comunitárias, bazares beneficentes, palestras edificantes produzidas por diversas linhas religiosas convidadas a estabelecer uma reflexão segundo sua diretiva de crença, em algum assunto de relevante interesse para a comunidade.

A diretiva oferecida a cada palestrante era o amor incondicional, sem rótulos, mas focando a consolação que poderiam estar trazendo junto com o entendimento que tinham do que era a verdade.

No palco, por vezes, sublimes ponderações eram colocadas sobre as lutas diárias enfrentadas por todos os que passam pela experiência física, no lar mais aconchegante diversas dificuldades, no casebre semelhantes dores acrescidas da falta de pão. Como se fosse dirigido o nascimento na carne para uma gama enorme de necessitados em obter lições mais duras, em virtude da urgência de elevação a patamares superiores.

O dia das mães foi memorável, Melquisedec, o jovem magro, de olhos grandes e verdes, fora convidado a falar da sua experiência para outros de sua idade, que formavam uma centena de jovens das escolas secundarias que foram no lar da esperança para trabalhos voluntários.

Falara sobre a universalidade do amor.

Era assim o seu relato, pois a vida fluía por suas palavras, eram construídas imagens nas mentes juvenis onde a verdade de cada um fluía generosa e todos se sentiam um só, na urgência da continuidade do voluntariado espontâneo!

Dizia ser o amor uma pessoa
Que fazia o bem, na prosa.
Dizia em versos do seu sentimento
Enquanto fluía do céu, do firmamento.
Luzes diamantadas sublimes que caiam perfumadas
Como pétalas de esperança a mentes mais cansadas.

E o amor dissera, busca a verdade.
E acrescentara, eu sou a verdade e a vida.

Do meu coração dizia Melquisedec, na construção da liberdade.
Encontrei tesouros na fraternidade
Perolas preciosas na bondade
Momentos indescritíveis quando esquecendo a própria dor
Olhei para alem de mim mesmo e amei tanto quanto pude entender o amor.

No rosto desfigurado pela dor no desespero da proximidade da morte
Eu dizia: o que pode ser mais triste que o medo?
Se o inevitável desfecho da experiência termina no tumulo, porque o medo?
E não terminando como cremos, o tesouro esta onde nos o colocamos
O que somos pergunto agora.
Jovens em diferentes condições de vida e juntando o que podemos ser
Como um único movimento, uniforme, sem donos, ou dolo.
Tratamos por nossa a dor do outro.
Não é esse o caminho da esperança enquanto forma o amor?
Não é o inspiro do consolador que nos movimenta?
Então o que é o amor?
Diz Paulo:
Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos eu nada seria sem o amor.

`Por essa fala dele, entendo que esta dentro de nós essa força de imedivel alcance, e temos a necessidade de coloca-la em ações objetivas. A uns esse espírito diz, distribua o pão, a outros a palavra que conduz a esclarecimentos proveitosos, a outro a vista alem da vida, como um tesouro de esperança que ela, não termina.
E tudo como diz Paulo pelo mesmo espírito.

É o mais sublime amor que faz os seres que vivem em paragens sublimes, olharem para os charcos de dor e com ações objetivas, levarem por palavras, por assistência fraterna, esperança.

Temos uma figura na historia humana, pondera Melquisedec, chamada Maria.
É um parâmetro de amor dos mais sublimes, pois vendo ela seu filho ser crucificado, em seu amor, depois de ter pela vida passado ainda se oferece prestimosa, nas cercanias da dor mais angustiante, sua assistência oportuna.

É claro que é uma questão pra mim de crença, pois sinto Maria como uma mãe, de todos nós. Ela vive no céu, e do seu céu interior despeja sobre nós o balsamo, tocando corações que passam a ser consoladores.

Então a grande promessa se cumpre através de todos nós, quando conseguimos pela força do amor, esquecermos nossa dor, sublimando nossos sentimentos, em ações objetivas que tragam esperança a quem se encontre sem ela.

O amor diz, estarei com vocês para todo sempre. E nos perdemos muitas vezes no agora considerando que somente este presente existe, quando olhamos para o céu, isso pela verdade que liberta, se torna pequeno esse presente, como nossa dimensão vista do espaço exterior. Mas não nos enganemos, qual a molécula mais importante em um diamante?
Se o todo forma a harmonia e beleza o bem precioso, cada presente é um acréscimo do amor divino a todos nós.

Agora é um ponto presencial de nossas vidas, na construção ou aquisição de tesouros eternos, levamos segundo penso, o que estamos, porque o somos já é divino. Nada se acrescenta a não ser o lapidar pela experiência, nos caminhos diversos que a vida oferece.

Hoje tenho Aids, desde que nasci, e talvez tenha vivido ate agora apenas para falar deste amor que me liberta. Nasci com ela, como uma mola impulsionadora para que indagasse sobre questões profundas. Porque foi a primeira indagação, e as outras que se seguiram me trouxeram ate aqui.

Falar do amor, sem contar da minha historia, das minhas memórias, não teria sentido.
Poderia eu esquecer meu grande amigo que me tirou do leito onde a única companhia era a dor, em sua generosa oferta, construindo o lar da esperança? E aponta Melquisedec
para um homem que chorava a porta, também ouvindo suas palavras.

Tenho pra mim, continua, que consolar é amar na forma sublime, é ter nas mãos a bondade que assiste, no coração os tesouros mais sublimes que partilha generosamente.
Por ser verdade vezes é no silencio que atua, não busca o reconhecimento, nem a gratidão espera, é mais que a fala dos anjos e dos homens, é tesouro divino manifestado no ser humano.

Quando termina sua exposição Melquisedec se vai e ninguém mais o encontra.

Ah consolação, tens a dádiva dos céus em vibrações do mais sublime amor, por vezes sois uma aparição, um fantasma que dita alem da vida que a vida não termina na mortalha fria. Noutras sois o vento festivo das primaveras, perfumados, acariciando as faces marcadas pela rudes da estrada.

Sois por vezes o verbo inspirado, o toque das imagens construídas com zelo nas esferas dos pensamentos elevados, ah que despertam o sublime anjo oculto a espera da chave para agir com pressa e prestimoso.

A terra é o céu a tua espera.
Não demore no entender o que te aguarda.
O amar esta a tua espera.
Se, pois a esperança que não nega
O braço amigo
A palavra terna
Aquele que se faz presente como luz divina
Afrontando a dor alheia com os tesouros do coração.
Trazendo alento a quem chore
Vista do céu por quem se sinta no inferno
E porque bebes de água cristalina, na fonte divina.
Ofereças aos sedentos do caminho
Esperança não mais cerceada pela cegueira.
Se pois o consolador na terra.
Tu o conheces, ele esta em ti
E amar de ti espera...

O lar da esperança naquele dia ganhara novos voluntários para trabalhos no amor.
Quem é, pois o consolador o espírito de verdade pergunta...
Ao teu coração que leu ate aqui
Se não tens resposta certa agora, vá aos campos da terra onde o trato da bondade esta a tua espera, onde o possível a ti, mesmo que seja uma só gota aos sedentos é a chave que liberta.
E nossa historia continua...
Tem a porta de Luiz o andarilho...
Mas isso fica pra depois quando o lar da esperança for parte de quem leia este escrito
E creia no mínimo na vida alem da vida...