sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O MESTRE DE NAZARÉ



Todas as batalhas travadas na vida, cada segundo conta uma historia. No verso  de minhas memórias o primeiro momento já se perde na lembrança.
A escola da dor, condutora dos resgates inevitáveis, trouxe a minha  alma o frescor de sua presença perceptível a sentidos outros que não os cinco que condicionam a passagem pelo tempo.
La estava eu num cômodo onde seis estavam adormecidos, e minha alma buscante, naquele frio cortante que entrava pelas frestas do telhado, afirmava a pobre,  mea culpa, mea culpa, mea culpa.
Como lacrimosa se elevava alem das aflitivas condições , buscava o consolo de Maria, abria minha alma com as vibrações sutis que se elevavam enquanto os sentidos se distendiam e a vista da alma escancarava suas portas!
La estava Ele como se flutuando no ar onde fisicamente falando não caberia nem um pequeno animalzinho de estimação. Rogava sim mas o medo surge muitas vezes quando a resposta vigorosa e sublime se poe a vista.
Tratei  por auto educação, árduo caminho reflexivo onde diante das palavras sagradas dizia minha alma para minha alma, não entendo, como pode ser, nos céus no firmamento e a dor o desalento, os famintos, abandonados, queixosos como eu me fazia!
E ele flutuava onde não cabia viva alma. Silencioso, flutuante, seria fruto da minha imaginação, por medo, lembrei dele mesmo onde um dia ao entregar a missão cumprida disse :Pai em tuas mãos coloco meu espírito!
Só então, ao repetir o que é santo, foi que o medo aquietou em meio a prece a Maria e adormeci.
Algo havia mudado naquele encontro com Oxalá, ele sempre escreve nas almas, e elas só com o tempo e a maturidade entendem o que foi escrito.
O Pai é nosso dizia enquanto chamava aqueles que estavam junto a ele de seus amigos.
Como não amar um ser flutuante que nos visita na dor, contentando a alma com esperanças sem fim. Aquela vista ficou por longo período enquanto ainda chorosa e buscante minha alma recorrente a Maria se debruçava sobre as dores do mundo que  sentia, e rogava.
Ave Mãe, generosa, que em seu seio aconchegou o sagrado menino. E adormecia na terceira Salve Maria quando o cansaço do trabalho do dia por fim tomava conta do corpo.
Foram-se os anos e agora minha alma já que se prepara para um vôo maior. Como dantes, não há retorno. A criança cresce e deixa de ver como menino.
Se um dia por puro amor reencontrar  o mestre de Nazaré não precisarei indagar nada a ele, ele me ensinou  tudo o que importa aprender. Eu sou disse Ele, e neste eu sou me incluiu entre os seus, eu o sei, ele predisse.
Minhas ovelhas reconhecerão minha voz...
Salve Oxalá.

Antonio Carlos Tardivelli

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Antonio Carlos Tardivelli